Morfometria externa como método de sexagem de psitacídeos.
Aves monomórficas; Anatomia; dimorfismo sexual
Os psitacídeos são aves caracterizadas pelo bico curvado, pés zigodáctilos e penas coloridas, com espécies variando em tamanhos e sem dimorfismo sexual aparente. Estão entre as aves mais ameaçadas de extinção, com cerca de 31% das espécies na região neotropical nessa condição. A reprodução dessas aves em cativeiro é crucial para a manutenção e recuperação das populações, sendo a identificação do sexo essencial nesse processo. Diante da dificuldade de diferenciação entre machos e fêmeas, propõe-se utilizar a morfometria externa para a determinação do sexo em uma população de psitacídeos, correlacionando-a com a medição de cinco parâmetros: comprimento do cúlmen, tômio, profundidade do bico, comprimento da cabeça e abertura da cloaca. O sexo foi determinado por teste de DNA, onde as fêmeas apresentaram duas cópias de genes amplificadas por PCR (uma de cada cromossomo, W e Z) e os machos apresentaram apenas uma cópia do gene (cromossomo Z). Foram utilizados 48 espécimes de psitacídeos de diferentes espécies: 7 Amazona amazonica, 8 Amazona aestiva, 3 Amazona achrocephala, 3 Amazona rhodocorytha, 9 Ara chloropterus, 5 Anodorhynchus hyacinthinus e 2 híbridas. Do total, 62,5% (30/48) eram machos e 37,5% (18/48) eram fêmeas. Entre os parâmetros avaliados, o comprimento da cabeça e a abertura da cloaca apresentaram maior variância significativa. Os machos tiveram maior comprimento de cabeça e menor abertura de cloaca, ao contrário das fêmeas, sugerindo que esses parâmetros podem ser utilizados para a determinação sexual das espécies Amazona amazonica e Ara chloropterus. Na espécie Ara chloropterus, além desses, houve diferença nos parâmetros de cúlmen, tômio e profundidade do bico, sendo maiores nas fêmeas do que nos machos, indicando variações na eficácia dos parâmetros conforme a espécie estudada. Adicionalmente, a falta de informação sobre a faixa etária dos animais fez com que alguns indivíduos apresentassem semelhanças, como no caso de A. amazonica, possivelmente ligadas à fase de desenvolvimento. Assim, além de verificar que nem todas as espécies podem ser submetidas à técnica morfométrica, a fase de desenvolvimento também interfere no uso da mesma. Conclui-se que há diferenças significativas nas variáveis morfométricas das espécies Amazona aestiva, Ara chloropterus e Ara ararauna. Contudo, há divergências na categorização do sexo dos indivíduos das espécies Amazona aestiva e Anodorhynchus hyacinthinus. Não foi possível avaliar a efetividade do método nos indivíduos de Amazona achrocephala, Amazona rhodocorytha e nas araras híbridas.