REDUÇÃO QUANTITATIVA DE HERPESVÍRUS EM SÊMEN BOVINO EXPERIMENTALMENTE INFECTADO
Carga viral, reprodução bovina, Rinotraqueíte Infeciosa Bovina, Nanopartículas.
As biotecnologias reprodutivas utilizadas no Brasil, na espécie bovina, colocam o país em destaque mundial, principalmente devido ao uso da inseminação artificial e produção in vitro de embriões. Todavia, a sanidade ainda apresenta situações preocupantes, como por exemplo o alto percentual de bovinos soropositivos para o Herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1), um vírus capaz de reduzir os índices reprodutivos dos rebanhos e o resultado da produção in vitro de embriões. Apesar disso, a regulamentação brasileira das centrais de coleta de sêmen bovino não demanda que os touros doadores sejam negativos para BoHV-1. Dessa forma, touros de alto valor genético podem estar contribuindo para a disseminação do BoHV-1. Neste trabalho, foi feita uma breve revisão a respeito do BoHV-1, sua distribuição no Brasil, e técnicas para remoção de vírus em amostras de sêmen. Experimentalmente, foi avaliada a eficácia de duas estratégias (gradiente de Percoll e nanopartículas magnéticas associadas a anticorpos anti- BoHV-1 - MNP) para a redução da carga viral de sêmen experimentalmente infectado. No Experimento I, avaliou-se se o BoHV-1 tinha efeito negativo sobre a qualidade espermática, utilizando-se diferentes concentrações de BoHV-1 (104 a 108 TCID50/mL) em amostras descongeladas de sêmen de touros (n = 3) negativos para BoHV-1 mantidas sob incubação. Foi observado apenas efeito do touro e tempo de incubação sobre a cinética espermática (P < 0,01) e do tempo de incubação sobre a morfologia e integridade de membrana dos espermatozoides (P < 0,01), sem efeito do vírus. No Experimento II (quatro repetições), o sêmen descongelado dos mesmos touros foi artificialmente infectado com BoHV-1 (104 TCID50/mL), mantido sem tratamento por até uma hora (controle positivo), ou tratado com: 1) gradiente de Percoll; 2) Uso de MNP incubados com a amostras por 15, 30 e 60 min; 3) Associação das técnicas de MNP e GP. Utilizou-se como controle negativo amostra de sêmen não infectada. A carga viral em todas as amostras foi determinada por titulação. Quando comparado às amostras não tratadas, O GP elevou a motilidade espermática (P < 0,05), não tendo sido observado efeito da incubação por 60 min com MNP sobre esse parâmetro. Todavia, as MNP e o GP reduziram a concentração espermática em aproximadamente 20 e 50%, respectivamente, quando comparado às amostras não tratadas (P < 0,05). Observou-se que a manutenção das amostras infectadas em temperatura ambiente, sem tratamento, por até 1 h, resultou em aumento da titulação. O GP, isoladamente, foi capaz de eliminar a detecção do vírus por titulação, enquanto o tratamento MNP, isoladamente, foi capaz de eliminar a detecção do vírus quando incubado por 60 min. de incubação. Conclui-se que o BoHV-1 não exerce efeito direto sobre a qualidade espermática e que o GP é eficaz para eliminar a titulação viral. Mas, caso a concentração espermática pós-tratamento seja um parâmetro importante, a incubação por 60 min com MNP é uma alternativa para eliminação do vírus, sem aparente toxicidade sobre os espermatozoides.