DESINFORMAÇÃO EM SAÚDE E FACT-CHECKING: ANÁLISE DE ESTRATÉGIAS NARRATIVAS EM CONTEÚDOS VERIFICADOS NA AMÉRICA LATINA
desinformação; desinformação em saúde; checagem de fatos; pós-verdade.
A velocidade na disseminação de informações proporcionada pelas tecnologias, redes sociais e plataformas online ampliou a circulação de desinformação, que se configura como uma ameaça à sociedade por seu caráter deliberadamente nocivo e capacidade de falsificação e distorção intencional de fatos. Na contramão da desinformação, os serviços de checagem de fatos, também conhecidos como fact-checking, têm se consolidado como aliados dos indivíduos na prática de sua competência crítica, porém, especialmente no campo da saúde, essa checagem se configura complexa e necessitada de recursos significativos. A desinformação em saúde demonstra-se essencialmente danosa, dada sua propensão a interferir negativamente na saúde pública ao induzir a comportamentos de risco e comprometer a credibilidade na ciência e em instituições de saúde. A presente dissertação estabelece como objetivo geral a análise da estrutura de conteúdos desinformativos em saúde verificados por serviços de fact-checking latino-americanos, com o intuito de identificar padrões narrativos e estratégias desinformativas recorrentes na elaboração desses conteúdos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, com abordagem exploratória-descritiva e baseada na análise documental de peças desinformativas verificadas por serviços checagem de fatos certificados pela International Fact-Checking Network, utilizando-se a técnica de análise de conteúdo. Os resultados apontam que a desinformação em saúde estrutura-se intencionalmente com base em estratégias frequentemente presentes em conteúdos relacionados a saúde, que foram sistematizadas em 6 categorias desinformativas descritas e esmiuçadas na pesquisa. Aponta-se ainda para a necessidade de desenvolvimento de mecanismos mais eficazes e proativos para mitigação do fenômeno da desinformação e conclui-se que o enfrentamento da desinformação em saúde exige esforços interdisciplinares, que combinem a atuação de checadores, pesquisadores, profissionais da saúde e, sobretudo o conhecimento das estratégias utilizadas na construção e disseminação desses conteúdos, para fortalecer a confiança na ciência e promover a circulação de informações baseadas em evidências.