DESINFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA: dinâmicas, atores e dilemas ético-informacionais em redes digitais
desinformação; regime de informação; inteligência artificial generativa; plataformas digitais.
A popularização, desde 2022, de ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT, ampliou o potencial desinformativo das plataformas digitais ao permitir a criação ultrarrealista de textos, imagens, áudios e vídeos de eventos que nunca aconteceram. Embora também utilizadas para fins recreativos, sua apropriação por grupos organizados eleva os riscos de manipulação da opinião pública e distorção de narrativas políticas. No contexto brasileiro, altamente vulnerável à desinformação, o fenômeno exige a compreensão dos interesses, agentes e estratégias que sustentam sua circulação. Apoiada no conceito de regime de informação, esta pesquisa analisa como atores, artefatos, dispositivos e ações estruturam a disseminação de conteúdos manipulados por IA generativa nas plataformas digitais. De caráter qualitativo-exploratório, a investigação se baseia na análise de casos verificados por uma agência de checagem, nos dispositivos de controle como o Projeto de Lei 2338/2023 e
nas políticas sobre conteúdo gerado por IA nas plataformas Google, Meta, TikTok e X. Os resultados indicam um regime em que a lógica econômica das big techs e a fragilidade dos mecanismos de moderação favorecem a atuação de agentes desinformadores. Os resultados mostram que a desinformação gerada por IA generativa se consolida como uma força atuante no regime de informação contemporâneo, explorando a confiança em figuras públicas e sendo amplificada pela lógica econômica das plataformas digitais.