Transtornos do sono relacionados ao ritmo circadiano como fatores de risco para morbimortalidade cardiovascular em pacientes submetidos à hemodiálise
Ritmo circadiano, sono, hemodiálise, Indicadores de Morbimortalidade, cronotipo, Síndrome da apneia obstrutiva do sono.
INTRODUÇÃO: Alterações no ritmo circadiano e na qualidade do sono estão associadas a uma maior morbimortalidade cardiovascular em pacientes submetidos à hemodiálise. A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) aumenta o risco de doenças cardiovasculares devido aos episódios repetidos de hipóxia noturna e hipertensão subsequente. Além disso, a síndrome das pernas inquietas (SPI) tem sido relacionada a desfechos cardiovasculares adversos. OBJETIVO: Analisar a relação entre distúrbios do sono e do ritmo circadiano com a morbimortalidade cardiovascular em pacientes submetidos à hemodiálise. MATERIAIS E MÉTODOS: Foi conduzido um estudo de coorte prospectivo, com coleta de dados em três momentos: maio de 2022, maio de 2023 e maio de 2024. Os instrumentos utilizados incluíram os seguintes questionários: Questionário de Matutinidade-Vespertinidade, 10-point Cognitive Screener, Escala de Sonolência de Epworth, Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, STOP-Bang e uma pergunta única para triagem da Síndrome das Pernas Inquietas. Além disso, foram coletados dados laboratoriais a partir da análise dos prontuários, incluindo hemoglobina, hematócrito, albumina sérica, glicemia em jejum, ferritina, saturação de transferrina, ureia pré e pós-diálise, creatinina, potássio, cálcio, fósforo, índice de depuração de ureia (Kt/V) e níveis de paratormônio. A amostra do estudo foi composta por 165 pacientes em hemodiálise, recrutados de três clínicas. Foram incluídos pacientes com idade entre 18 e 75 anos e em terapia dialítica há pelo menos seis meses. RESULTADOS: Os achados indicaram que o risco intermediário ou alto para SAOS e a presença de SPI foram significativamente associados à morbimortalidade cardiovascular. Pacientes com risco intermediário ou alto para SAOS apresentaram uma tendência significativa para eventos cardiovasculares, com uma razão de chances (OR) de 3,50 (IC 95%: 0,98–12,50; p = 0,05). CONCLUSÃO: O estudo reforça a importância dos distúrbios do sono e das alterações no ritmo circadiano como fatores de risco para eventos cardiovasculares em pacientes em hemodiálise. Os achados destacam a necessidade de estratégias clínicas que incorporem a avaliação do sono e do ritmo circadiano na rotina do cuidado desses pacientes. Pesquisas futuras devem aprofundar essa relação e explorar intervenções que possam reduzir os impactos desses distúrbios na morbimortalidade cardiovascular.