Indicações de escetamina em idosos com doenças oncológicas avançadas sob cuidados paliativos
Ketamina, Idoso, Cuidados Paliativos, Depressão, Dor, Oncologia
Introdução: Idosos com câncer avançado em cuidados paliativos frequentemente
apresentam sintomas depressivos e dor refratária, que comprometem a qualidade de vida.
A escetamina, com ação antidepressiva e analgésica rápida, tem sido proposta como
alternativa em contextos refratários. No entanto, suas indicações clínicas específicas
ainda são pouco definidas nessa população. Objetivo: Investigar as indicações clínicas da
escetamina em idosos com doenças oncológicas avançadas em cuidados paliativos
ambulatoriais. Métodos: Estudo transversal realizado em um ambulatório de cuidados
paliativos em hospital universitário de Maceió (Brasil), entre dezembro de 2024 e março
de 2025. Foram incluídos 32 idosos (≥60 anos) com neoplasias avançadas. A indicação
de escetamina foi definida por critérios clínicos previamente estabelecidos (sintomas
depressivos resistentes, ideação suicida, dor refratária, intolerância a opioides ou barreiras
socioeconômicas). Aplicaram-se instrumentos padronizados: MADRS, ESAS, EVA,
PPS, KPS, ECOG, PPI e MAT. Resultados: Dos 32 participantes, 59,4% apresentaram ao
menos um critério clínico para indicação de escetamina, com destaque para os sintomas
depressivos persistentes (56,3%, p < 0,001). Houve associação com pior desempenho
funcional (ECOG, p = 0,028), maior frequência de uso de antidepressivos (p = 0,010) e
tempo de uso superior a quatro semanas (p < 0,001), além de escores elevados de
depressão (MADRS ≥ 16). Critérios como ideação suicida e dor refratária foram
relevantes, embora não significativos estatisticamente. Conclusão: A escetamina
demonstrou potencial indicação em pacientes idosos paliativos com depressão resistente,
ideação suicida ou dor não controlada. Os achados reforçam a necessidade de critérios
clínicos claros para sua aplicação segura e eficaz nesse contexto.