DIFERENCIAIS SALARIAIS NO BRASIL: A IMPORTÂNCIA DAS ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO E DO SORTING ESPACIAL DOS TRABALHADORES E FIRMAS
Economias de aglomeração; Salários; Sorting; Match trabalhador-firma; Disparidades regionais
A interação espacial entre os agentes econômicos no mercado de trabalho brasileiro pode resultar em aumentos de produtividade tanto das firmas quanto dos trabalhadores, elevando seus rendimentos. Dada a maior disponibilidade de micro dados pareados trabalhadores-firmas, como é o caso dos dados aqui utilizados, oriundos da RAIS (2010-2018), é possível avançar no controle das heterogeneidades não observadas tanto dos trabalhadores quanto das firmas. É consenso na literatura que o sorting espacial tanto dos trabalhadores quanto das firmas é uma importante fonte de explicação para os diferenciais salariais. O objetivo deste estudo é mensurar os efeitos das economias de aglomeração sobre os salários individuais no mercado de trabalho formal brasileiro no período de 2010 a 2018, considerando os efeitos do sorting espacial dos trabalhadores, das firmas e do match trabalhador-firma sobre os salários. Neste sentido, esta dissertação busca controlar essas fontes de possíveis vieses na estimação dos efeitos das economias de aglomeração sobre os salários. Além disso, busca-se controlar o viés decorrente do match trabalhador-firma nas áreas de mercado de trabalho local. Tendo em vista as grandes disparidades regionais no Brasil, este trabalho busca analisar também como os efeitos das economias de aglomeração sobre os salários se comporta entre as regiões e os diferentes tamanhos das áreas de mercado de trabalho local, fornecendo assim evidências que podem auxiliar no planejamento estratégico de políticas públicas voltadas para o mercado de trabalho. A partir de uma estrutura de dados em painel que acompanha o trabalhador ao longo do período que vai de 2010 a 2018, o estudo utiliza modelos de dados em painel que permitem estimações por múltiplos efeitos fixos. Ademais, o estudo utiliza o método de estimação por variáveis instrumentais para controlar a possível endogeneidade entre a densidade do emprego e os salários. Os resultados encontrados no modelo principal deste estudo apontam para um efeito líquido das economias sobre os salários na ordem de 1,69%. Ademais, os resultados fornecem evidências inéditas do impacto das economias de aglomeração na determinação salarial de cada uma das regiões brasileiras e de cada tamanho das áreas de mercado de trabalho local. De modo geral, os resultados encontrados nesta dissertação apontam para relevância do sorting espacial dos trabalhadores e firmas e do match trabalhador-firma na determinação dos salários das áreas de mercado de trabalho local do Brasil.