SÍNTESE DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA USANDO OS RESÍDUOS DA CARCINICULTURA COMO FONTE DE NUTRIENTES
Fertilizante de liberação lenta; carcinicultura; quitosana; ureia; montimorilonita
Os resíduos sólidos e líquidos da carcinicultura são ricos em nutrientes e materiais orgânicos provenientes da ração, excreções do camarão e fragmentos de animais. O descarte desses resíduos, além de gerar danos ambientais, tais como eutrofização e degradação dos solos, ocasiona a redução da biodiversidade, e produz problemas econômicos, haja vista que biomateriais valiosos são desperdiçados. Logo, é de grande importância desenvolver técnicas capazes de inserir os resíduos na cadeia produtiva, fortalecendo a premissa do desenvolvimento sustentável da carcinicultura, por conta da sua importância econômica e social. Assim, neste trabalho foi sintetizado diferentes fertilizantes de liberação lenta empregando o resíduo sólido da carcinicultura, quitosana, montmorilonita e ureia. As esferas de fertilizantes foram produzidas e caracterizadas por análise elementar (CHN), obtendo-se 14,4 - 18,4 % de carbono, 5,6 - 6,9% de hidrogênio e 12,3 - 19,3 % de nitrogênio. Os fertilizantes apresentaram razões C/N baixas de 1,0-1,50, todavia, os valores obtidos são semelhantes ao do fertilizante mais utilizado na agricultura brasileira, a ureia (C/N 0,87). Os espectros de infravermelho (FTIR) apresentaram bandas de absorção referentes a grupos funcionais que compõem as esferas, confirmando a presença de grupos hidroxilas e carboxilatos presentes na matéria orgânica do resíduo, como também bandas típicas de quitosana, ligação de amida, e banda de grupos Al-O, característica da montmorilonita. As imagens do MEV confirmaram a formação de esferas regulares de superfície uniforme. Para a quantificação da ureia em água, foi construída uma curva de calibração por espectrofotometria UV-Vis, no comprimento de onda de 427nm, obtendo-se um coeficiente de determinação (R2 ) de 0,9977, demonstrando a eficiência do método para a determinação a ureia. Os testes de liberação na água mostraram que os fertilizantes liberam ureia de forma lenta, atingindo o máximo após 15 dias (95-97%). Os dados cinéticos da liberação de ureia em água, ajustaram-se ao modelo de cinético de Higuchi, indicando que o mecanismo de liberação ocorreu por difusão Fickiana. O estudo de liberação no solo, mostrou que o nitrogênio é liberado de forma lenta pelos fertilizantes produzidos, os quais podem ser classificados como fertilizantes de liberação lenta. O estudo de degradação mostrou a biodegradabilidade dos fertilizantes no solo, com taxa superior a 60% após 30 dias de incubação no solo, indicando sua capacidade de aplicação no solo sem geração de resíduos. E a aplicação dos fertilizantes no cultivo de milho apresentou comprimento e tamanho de raiz superior em relação ao controle. Os achados nesse trabalho mostram um novo e importante enfoque a ser dado aos resíduos da carcinicultura.