Caracterização da agrobiodiversidade e seleção de variedades locais de inhame (Dioscorea spp.) em Alagoas
germoplasma, atividade antioxidante, resistência, agricultura familiar
O inhame (Dioscorea spp) é uma hortaliça produtora de túberas de suma importância socioeconômica sendo alimento básico para cerca de 300 milhões de pessoas. Apesar de sua excelente qualidade nutritiva e energética, os cultivos de inhame vêm sofrendo com diversos problemas estruturais e genéticos. Seja pelo acometimento de patologias, seja pela perda da qualidade dos genótipos cultivados. Sendo assim, este trabalho teve como objetivos (i) caracterizar e mapear a agrobiodiversidade de variedades crioulas de inhame em Alagoas; (ii) avaliar as variedades quanto a presença de patologias foliares; (iii) quantificar os compostos fenólicos e flavonoides presentes nos extratos de três variedades. O mapeamento e a coleta dos acessos foram realizads no período de outubro de 2022 a março de 2023 utilizando a técnica de amostragem “bola de neve” e identificados através de chave botânica. Também foram utilizados acessos contidos na coleção de germoplasma da Embrapa, mantida na Unidade de Execução de Pesquisa em Rio Largo, Alagoas. Para a avaliação de queima das folhas e antracnose, foram coletadas 15 folhas com sintomas da doença que foram avaliadas em microscópio e com severidade computada a partir da escala diagramática, tendo variação de 1 a 32% para queima das folhas e 0 a 100% para antracnose. O teor de fenóis totais e o quantitativo de flavonoides foram obtidos avaliando as variedades cara comum, cará roxo da mata e inhame branco a partir do reagente Folin-Ciocalteau e Cloreto de Alumínio. Foram identificadas três espécies de inhame nas roças dos agricultores alagoanos: Dioscorea alata, Dioscorea cayennensis e Dioscorea trifida, sendo que D. alata com variedades de polpa na cor branca e roxa; D. trifida com polpa nas cores branca, amarela e roxa e D. cayennensis com variações de polpa na cor branca e creme. Para a incidência de doença das folhas e antracnose, foi identificada alta incidência de ambas as doenças nos acessos estudados. Por fim, o extrato do genótipo cará comum apresentou maior teor de fenóis (1494,5 mg EAG/g) seguido do extrato do cará roxo da mata (1244,3 mg EAG/g) e extrato do inhame branco (677,7 mg EAG/g). O mesmo padrão ocorreu no quantitativo de flavonoides onde o extrato do cará comum apresentou maior teor (43,5 mg EQ/g) seguido do extrato cará roxo da mata (23,2 mg EQ/g) e do extrato inhame branco (18,5 mg EQ/g). De acordo com os resultados obtidos, foi possível concluir que em Alagoas são cultivadas três espécies de inhame, sendo que mais de 57% dos agricultores utilizam apenas uma variedade. Com relação ao comportamento dos acessos em relação as doenças foliares avaliadas mostraram que houve incidência em todos, mas, aproximadamente 65% deles mostraram menos incidência do que os demais. Esse resultado mostra a importância da diversidade de material genético para garantia da sustentabilidade da cultura.