Banca de DEFESA: FABIO MONTEIRO DE MORAES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : FABIO MONTEIRO DE MORAES
DATA : 07/05/2024
HORA: 15:00
LOCAL: INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - https://meet.google.com/meu-fpgi-wan?pli=1&authuser=5
TÍTULO:

Senso prático e ensino das relações étnico-raciais na Sociologia Escolar: uma Análise de Correspondências Múltiplas

PALAVRAS-CHAVES:

ensino de Sociologia, senso prático, habitus, campo, relações étnico-raciais.

PÁGINAS: 166
RESUMO:

O século XX no Brasil foi marcado pelas disputas por direitos entre a população negra, indígena e brancos que se aliaram na oposição às ideologias eugenistas, ao mito da democracia racial e às políticas de branqueamento implantadas por cientistas, cientistas sociais, educadores/as e políticos da elite brasileira, após a abolição legal da escravidão em 1888, sobretudo na primeira metade do século XX. Essas concepções endossavam as ideias eugenistas da degradação racial, social e cultural, que empurraram para as margens da sociedade os/as negros/as (pessoas pardas e pretas) e os/as indígenas. Somente com o término da ditadura militar brasileira, no final do século XX, a população negra e indígena passou a ver alguns resultados de suas lutas materializados no campo educacional brasileiro. Importantes resoluções e leis foram aprovadas nas últimas décadas, incluindo a lei das cotas raciais para estudantes negros/as e indígenas das universidades públicas, bem como a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira (2003) e indígena (2008) no ensino básico. A presente pesquisa se insere no contexto dos estudos sobre o campo do ensino de Sociologia, à medida que se debruça sobre a noção de habitus (Bourdieu, 1994; 1996; 2009, 2021) e senso prático (Bourdieu, 2009), associados à prática docente de professores de Sociologia, buscando ir além das condicionantes puramente escolares, uma vez que visa compreender de quais formas e impulsionados por quais aspectos, objetivos e subjetivos, os/as docentes respondem aos desafios cotidianos do ensino das relações étnico-raciais no âmbito da Sociologia escolar. Para tanto, parte-se de duas hipóteses. Em suma, a primeira fundamenta-se na noção de que as sociabilidades dos/as docentes influenciam suas práticas educativas. A segunda diz respeito à presença e ao modo de abordagem da temática étnico-racial no âmbito da Sociologia escolar, pois nesse contexto, nem sempre ela é incluída como conteúdo programático, conforme determinam as Leis 10.639/03 e 11.645/08, e quando ela é incluída, seu ensino muitas vezes assume um caráter tangencial, essencialista e/ou discriminatório. A perspectiva teórico- metodológica adotada foi a Sociologia disposicionalista de Bourdieu, a partir da qual 6 foi possível analisar as disposições dos/as docentes, bem como as estruturas do campo do ensino da Sociologia, que operam no sentido de constranger a prática dos docentes, “forçando-os/as” a atuarem de uma maneira determinada, quer dizer, levando-os/as a “jogarem” conforme as regras do “jogo” ou de modo a transgredi-las. Os dados da pesquisa foram coletados por meio de (i) entrevistas em profundidade com dez docentes que atualmente lecionam no ensino de Sociologia, dentre eles homens e mulheres; análise dos planos de disciplina de cada docente; e análise dos PPPs das escolas em que lecionam. As análises foram feitas a partir do método da Análise de Correspondências Múltiplas, através do qual foi possível mapear as posições dos/as docentes, em uma dada configuração relacional, e correlacioná-las às variáveis suplementares, associadas às práticas docentes e às variáveis ativas, associadas às propriedades sociais oriundas das sociabilidades dos/as docentes. Os resultados revelaram, dentre outras coisas, que aqueles/as docentes com maior volume de capital cultural específico (conhecimentos relacionados à temática étnico-racial), também são aqueles/as que tendem a ter as maiores titulações acadêmicas; a estarem envolvidos/as com grupos sociais, políticos e culturais; e a abordarem a temática com uma frequência mediana. Já os/as docentes com maiores índices de engajamento com a temática étnico-racial são aqueles/as que se declaram como pessoas negras ou pretas; que afirmam que já sofreram racismo; e tendem a abordar a temática muito frequentemente. Em outra chave de análise dos resultados, ficou evidente que os/as docentes tendem a responder às situações do cotidiano escolar em que estão inseridos/as de quatro maneiras. São elas: por meio daquilo que nomeamos como: (i) Efeito reflexivo do tipo habitus → campo; (ii) Efeito coercivo do tipo campo → habitus; (iii) Efeito tendencial do tipo campo ⟷ habitus; e (iv) Efeito situacional do tipo campo ⟷ habitus.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2345685 - CRISTIANO DAS NEVES BODART
Interno(a) - 2265061 - WELKSON PIRES DA SILVA
Externo(a) à Instituição - IVAN FONTES BARBOSA - UFS