A exposição crônica de pescadores a um ambiente poluído (Complexo Lagunar Mundaú-Manguába - CELMM) leva ao estresse oxidativo e alterações funcionais nas células sanguíneas
Contaminação Ambiental; Mercúrio; Células sanguíneas
O mercúrio é um metal tóxico que pode causar danos ambientais, bem como a exposição humana esses contaminantes podem levar ao estresse oxidativo que acarreta em diversas comorbidades. No estado de Alagoas, a Lagoa Mundaú (que faz parte do Complexo Estuarino MundaúManguaba) é uma importante fonte de peixes e moluscos para a população, porém segundo dados recentes do nosso grupo, a contaminação desses metais tem promovido danos em células sanguíneas, com destaque para o Hg. Logo, o objetivo desse trabalho é de avaliar o estado redox, alterações funcionais e estruturais de células sanguíneas de pessoas que vivem em torno do CLMM, comparando com pessoas que não tem contato com tal ambiente. Um outro ponto avaliado foi o de que na literatura é conhecido que as doenças cardiovasculares são grandes indutores de morte em todo o mundo, entretanto estudos que avaliem se metais, como por exemplo o Hg, tem algum efeito aditivo em tais patologias são escassos. Sabendo que a aterosclerose é uma doença causada pela deposição de colesterol nas artérias e que pode levar ao infarto agudo do miocárdio, utilizamos um modelo animal, geneticamente modificado, que tem aterosclerose, os camundongos LDLr - / - . Sendo assim, nessa segunda parte do nosso trabalho avaliamos tal modelo, tratado os animais com cloreto de mercúrio (30 dias). No estudo com humanos até o presente momento avaliamos células sanguíneas (60 pescadores e 65 controles), onde foi observado maiores níveis de Hg no sangue total; nos eritrócitos existe uma diminuição da capacidade de ligação ao oxigênio, alteração estrutural e no sistema redox. Ainda, os linfócitos apresentaram uma produção exacerbada na produção de O2 - e de H2O2. Outrossim, no que tange a segunda parte do nosso estudo, nos animais LDLr - / - tratados com HgCl2, os eritrócitos tiveram uma diminuição na capitação de oxigênio; alteração na células da série branca, aumento na atividade fagocitária, acúmulo de Hg nos órgãos, bem como alteração na função renal e hepática, e ainda maior liberação de citocinas. Nas mitocôndrias isoladas de fígado foi encontrado uma diminuição da respiração, perda do potencial de membrana e aumento na geração de H2O2. Por fim, nossos resultados, até o presente momento, mostram que independente do modelo utilizado a contaminação por Hg leva a danos sistêmicos no organismo.