O SABER-EXISTÊNCIA DAS MULHERES RURAIS: HISTÓRIAS DE VIDA A PARTIR DOS FEMINISMOS SUBALTERNOS E DECOLONIAIS
A presente pesquisa parte da escrita da história de vida de uma mulher rural, compreendida a partir das teorias decoloniais e dos feminismos subalternos, através das narrativas dos seus modos de vida, dos movimentos de resistência e de subalternização. Compreendemos o rural como lugar de subjetivação, produção singular de modos de vida, espaço de fragilidades e potencialidades nas relações entre essas mulheres e seu território. Mulheres que são donas dos saberes dos seus territórios representam sementes de resistência na terra-mãe, apresentam histórias de luta por seus direitos a partir de movimentos sociais e participações em associações e cooperativas rurais. Cada uma movimenta-se a partir das singularidades dos seus lugares rurais, que são heterogêneos. Junto a isso, compreendemos as consequências da atuação da psicologia inserida nas políticas públicas, visto que temos uma teoria e prática embasadas nos modelos urbanos de vida e subjetividade e que não dão conta das especificidades dos territórios rurais, na interlocução com temáticas de gênero, ruralidades, geração e região. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa por permitir que a pesquisadora possa se colocar a partir de seu lugar de fala, que também é subalterno por se tratar de uma mulher, jovem, rural. Para tanto, gravações dos encontros além da produção de diários de campo foram as forma de registro. Os dados produzidos nos encontros com a interlocutora foram analisados buscando compreender os modos de existências construídos pelas mulheres rurais a partir das suas existências subalternas e marginais, e as brechas construídas por elas nas relações cotidianas dos seus territórios. Foram produzidas três categorias para trazer a análise dos encontros: 1) O caminho até a Escola: o histórico escolar da interlocutora e todas as interferências nesse processo de escolarização, que são singulares, mas que podem falar sobre o acesso marginalizado da educação no campo; 2) A roça, o capril e os coletivos: traz as discussões a respeito da intimidade que a interlocutora tem com a roça e com o trabalho desde muito nova, sua inserção nas associações e a construção de sua identidade coletiva a partir delas; e 3) Ser mulher rural: é espaço para discussão das interfaces construídas sobre quem somos enquanto mulheres rurais, a partir das relações familiares, de trabalho, sociais e com a igreja.
Feminismos subalternos. Ruralidades. Marcadores sociais das diferenças. Psicologia social. Psicologia rural.