“A ÁGUA VEIO E LEVOU TUDO, SÓ NÃO LEVOU A JAQUEIRA”: UMA ETNOGRAFIA NA COMUNIDADE REMANESCENTE QUILOMBOLA DO MUQUÉM EM UNIÃO DOS PALMARES – ALAGOAS.
O presente trabalho tem como objetivo compreender as narrativas de uma parcela de atores sociais da Comunidade Remanescente Quilombola do Muquém em União dos Palmares – AL, sobre a construção do território, identidade e as memórias que os moradores constroem a respeito da região, com base na experiência de acontecimentos históricos e conflitos que marcaram a coletividade. Esta comunidade quilombola é uma das 68 em Alagoas a ser certificada pela Fundação Cultural Palmares e reconhecida como remanescente de quilombos. A comunidade do Muquém passou por diversos acontecimentos, logo após sua certificação em 2005, e a enchente de junho de 2010 é um dos acontecimentos que permitiram e modificaram a organização social, cultural e política na vida dos moradores. Desse modo, surge a necessidade de repensar os sentidos e significados de identidade, território e memória existentes durantes anos e cada vez mais presentes na luta dos espaços pela terra e no sentido de pertença quilombola. Das observações em campo e das conversas realizadas com vários interlocutores até o atual momento, pude perceber a enorme riqueza das memórias que ajuda a compreender as bases sobre as quais se sustenta a reivindicação do grupo como quilombola, isto é, reconhecem-se como pertencentes a uma coletividade etnicamente diferenciada. Portanto, buscou-se aprofundar o conhecimento das histórias dessa comunidade na construção da fronteira étnica, no reconhecimento político enquanto comunidade quilombola, na organização do antigo e novo Muquém pós-enchente, na atuação dos agentes externos e internos na formação das associações e construções identitárias da comunidade.
Identidade;Território;Memória;Enchente de 2010