ESTUDO ANTROPOLÓGICO SOBRE AS POLÍTICAS SEXUAIS NA DIOCESE ANGLICANA DO RECIFE.
O presente estudo busca analisar o reconhecimento, ou não, das expressões não heterossexuais no ambiente religioso e a extensão do acesso aos ritos públicos da ordenação e do casamento no cristianismo no Brasil, particularmente no Anglicanismo. Acompanho esses embates a partir da etnografia realizada e penso o percurso para reconstruir esse processo marcado pelo conflito que culmina com a ruptura da Catedral Anglicana da Santíssima Trindade no começo de 2017. Carrara (2015), partindo da leitura de Weeks (1989) sobre políticas sexuais, entende que os embates por legitimação e legalização dos grupos LGBT pela via do Direito (RIOS 2013, 2018a, 2018b) reconfiguram a operação do dispositivo da sexualidade proposto por Foucault (1988), estabelecendo um novo regime secular de sexualidade. Assim, a intervenção do Estado, particularmente do judiciário, no Brasil, suscita um processo de cidadanização da população LGBT e se configuram diferentes respostas religiosas. Como resultado dos embates/debates internos e da reconfiguração das forças políticas no Anglicanismo no Brasil pós ruptura é aprovado o casamento igualitário, em 2018, ainda que em um cenário de crescente discurso autoafirmado como conservador nos segmentos políticos e religiosos.
Políticas Sexuais, Moralidades, Direitos Humanos, Anglicanismo, Reconfigurações.