REVERBERAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DO QUEBRA DE XANGÔ DE 1912: CONTINUIDADES E DESDOBRAMENTOS DA DEVASSA AOS TERREIROS EM MACEIÓ/AL.
Quebra de Xangô; intolerância religiosa; racismo religioso; violência; religiões afro-brasileiras.
Em uma leitura nacional, historicamente as religiões de matriz africana foram perseguidas,reprimidas e violentadas. No estado de Alagoas, o ato de violência conhecido como Quebra de Xangô de 1912, praticado contra grupos religiosos de matriz africana, se enraizou na história e na cultura afro-alagoana ao encontrar solo fértil em uma sociedade que negava as diversas expressividades de referências africanas. Tal ato violento foi encabeçado por uma milícia em resposta à disputa política que se desenrolava na época e que culminou na invasão e depredação de diversas casas de culto de religiões afro-brasileiras em Maceió e cidades próximas. Embora pareça temporalmente distante, a devassa aos terreiros repercute até os presentes dias na história e nas práticas dos grupos religiosos de matriz africana e, também, na história afro-alagoana. Apesar de o Quebra de Xangô ter acontecido há mais de cem anos, foi marcado também pelo silenciamento de intelectuais alagoanos. Somente em meados dos anos 2000 é que houve uma redescoberta do evento, que se faz presente na produção acadêmica local, nos movimentos artístico-culturais e nos discursos de lideranças religiosas de Maceió. Na presente pesquisa abordo as reverberações do Quebra de Xangô na contemporaneidade a partir de conexões plurais envolvendo religiosos de matriz africana, acadêmicos e grupos culturais de expressividade afro-alagoana, com ênfase em Maceió.