Trânsitos do Sagrado: da Irmandade do Cercado de Boiadeiro - ICERBO, no Rio de Janeiro - RJ, ao Grupo União Espírita Santa Bárbara - GUESB, em Maceió-AL
Jurema; Trânsitos Culturais; Religiões Afro-brasileiras; IrmandadeCercado de Seu Boiadeiro, Rio de Janeiro-RJ; Grupo União Espírita Santa Bárbara, Maceió-AL
Esta pesquisa intitulada “Trânsitos do Sagrado: da Irmandade do Cercado de Boiadeiro -ICERBO, no Rio de Janeiro-RJ ao Grupo União Espírita Santa Bárbara - GUESB, em MaceióAL realiza um estudo do trânsito da autora e de elementos físicos e espirituais entre duascasas de culto afro-brasileiros: a Irmandade do Cercado de Boiadeiro (ICERBO), situada no bairro de Sepetiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, e o Grupo União EspíritaSanta Bárbara (GUESB), situado na periferia da Cidade Universitária, VillageCampestre II, Maceió, Alagoas, que têm, ambas, a prática da Jurema Sagrada como umadas atividades rituais. O estudo das casas descreve como são realizados os ritos emespaços geográficos distintos, que têm - segundo levantamento feito através da pesquisade campo – similaridades, sem, contudo, serem executados da mesma forma. No decorrer da pesquisa de campo deparei-me com contextos similares, quedemandaram aprofundamento para descrever a fundamentação da jurema praticada, oudas juremas praticadas nos terreiros em questão. O trânsito da Yalorixá Mãe Chica, doNordeste para o Rio de Janeiro, e sua trajetória espiritual e social são questões queapresento para identificar e descrever a relação de Mãe Chica com a Yalorixá MãeNeide, em Maceió e, consequentemente conhecer quais influências na prática ritual doGUESB foram incorporadas/ressignificadas a partir desse contato. Nesta mesma perspectiva busco compreender como o trânsito da Yalorixá MãeChica e a construção da jurema na ICERBO influenciaram e influenciam a minhaconstituição enquanto ser espiritual e integrante dos dois universos religiosos. Damesma forma, o meu trânsito na religiosidade constitui-se também numa fonte dereflexões, uma vez que a minha trajetória começou no candomblé aos 14 anos, quemigrei para a Umbanda de Mãe Chica quando eu tinha 22 anos e depois para aUmbanda de mãe Neide, aos 38 anos, e no meio da escrita desta pesquisa, vivi um novotrânsito: o do meu retorno à ICERBO. Fazendo parte do ritual em ambos espaçossagrados, consigo visualizar as origens ameríndias no culto da Jurema, e, para além deinfluências e contribuições de etnias indígenas, também as africanas, na constituiçãodesse culto no Rio de Janeiro e em Alagoas, nos terreiros supracitados.