VIVÊNCIAS DAS PESSOAS QUE MENSTRUAM EM SITUAÇÃO DE RUA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Pobreza menstrual; Cuidado; População em Situação de Rua; Enfermagem; Teoria de Enfermagem.
Este estudo tem por objeto as vivências das pessoas que menstruam em situação de rua. A população em situação de rua (PSR) constitui-se em um grupo heterogêneo que tem como características a ausência de domicílios convencionais regulares e fixos, bem como presença de vínculos familiares fragilizados ou rompidos. No cotidiano da rua encontram-se meninas, mulheres, homens trans e pessoas não binárias que menstruam, cujas condições de vida repercutem nas condições de saúde, fazendo emergir a seguinte questão norteadora para esta pesquisa: Como é menstruar em situação de rua? Parte-se do pressuposto que a subjetividade dessas vivências pode subsidiar dados que contribuem para reflexões sobre o modo de cuidar e auxiliar os profissionais de saúde a pensar em estratégias eficazes de cuidado para essa população. Nesse sentido, tem-se os seguintes objetivos: compreender as vivências das pessoas que menstruam em situação de rua; e desenvolver ações que promovam o cuidado em saúde das pessoas que menstruam em situação de rua. Trata-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório descritivo. O método utilizado é o da Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), a qual é caracterizada pela convergência entre pesquisa e assistência com o intuito de encontrar solução ou minimização de problemas e construir um conhecimento novo para a renovação das práticas assistenciais no contexto estudado. A PCA é composta pelas fases de concepção, instrumentação, perscrutação e análise. Participaram 18 pessoas que estão em situação de rua e que menstruam. Foram utilizadas como técnicas de produção das informações a observação participante e a entrevista semiestruturada. A teorização foi desenvolvida a partir da triangulação entre as informações obtidas na pesquisa, a literatura relacionada e o referencial teórico de Wanda Horta. Foi utilizado o software Iramuteq para organizar as falas em nuvens de palavras e produção de uma gráfico de similitude, que trouxeram subsídio para o surgimento das seguintes categorias analíticas: 1) Menstruar na rua: até a água é difícil e 2) A rua é lar, mas não tem lugar. Diante dos resultados apresentados até o momento, com vistas à convergência entre as etapas da pesquisa com a prática assistencial, apontam-se algumas intervenções a serem implementadas.