Caminhar como mobilidade urbana: políticas, práticas e dinâmicas urbanas em Maceió
Ao longo do século XX, a industrialização e a urbanização das cidades brasileiras trouxeram novas formas de habitar, trabalhar, circular pela cidade, que se enraizaram no modo de vida da sociedade. Os meios de transporte evoluíram com as tecnologias, trazendo conforto e praticidade para as pessoas, mas também consequências negativas: poluição, segregação, alto consumo de recursos naturais, entre outros. Caminhar na cidade, ato outrora vital e cotidiano, passou a ser negligenciado ou pouco abordado nos planos de mobilidade urbana. Diante desse cenário urbano, cidades buscaram transformar esse paradigma, retomando o caminhar e assim ocasionando mais apropriação e fruição do espaço urbano pelo pedestre. Novas formas de pensar as ruas e as cidades foram sendo adotadas ao redor do mundo e se mostraram boas estratégias urbanas, como acontece nos casos de Copenhague, Melbourne e Medellín. Assim, a presente dissertação intenta debater, em seus capítulos, a questão do pedestre na cidade do ponto de vista histórico, teórico e prático ao redor do mundo; no contexto brasileiro, e finalmente, tendo como estudo de caso a cidade de Maceió. Os passos metodológicos são plurais: primeiramente, a revisão bibliográfica acerca da mobilidade urbana, com foco no pedestre, através de livros, artigos, notícias, dados e documentos oficiais; em seguida, a elaboração e aplicação de um questionário online na cidade de Maceió, com o objetivo de obter informações sobre a relação da população com a cidade, no que diz respeito à mobilidade urbana e em especial ao caminhar. Partindo desta base também será analisado o panorama da mobilidade urbana de habitantes de uma ocupação do MTST, a Ocupação Dandara. Como conclusões preliminares, pode-se afirmar que, entre buracos e medos, continua-se a caminhar na cidade feita para os automóveis, cada pessoa em seu contexto espacial, social e econômico. Em relação às políticas públicas no Brasil, observa-se que o país conta com uma legislação abrangente e com boas propostas para o caminhar. No entanto, na prática, acontece via de regra o contrário, exceto em algumas intervenções pontuais, não havendo iniciativas urbanas, em grande escala, que promovam o caminhar. Por fim, há indícios de que o presente trabalho trará uma reflexão, pouco realizada em Maceió, para que se possa trilhar um caminho em direção a cidades mais vivas, humanas e com mais pessoas usufruindo do espaço público.
pedestre; rua; espaço público; Maceió; Ocupação Dandara