QUEM TEM MEDO DA BIXA TRAVESTY?
Invenções utópicas em Linn da Quebrada
Linn da Quebrada; teoria cuir; travesti; utopia
A opressão e as violências a que a comunidade LGBTQIA+ tem sido submetida ao longo dos anos, no Brasil, são evidências inquestionáveis do caráter fundante que o heterossexismo e a cis-heteronormatividade assumem na construção de nossa sociedade. O país tem figurado nas posições mais altas dos rankings de lgbtfobia, recebendo o título de país que mais mata travestis e transexuais no mundo, de acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA). Apesar disso, alguns impulsos têm sido tomados, com o objetivo de traçar rotas de fuga a esta realidade e de romper com a lógica lgbtfóbica em que estamos inseridas/os. Linn da Quebrada, artista multimídia brasileira, tem utilizado seu corpo – através de suas composições, performances, discursos etc. –, como palco para enfrentamento das ameaças que o cis-heterossexismo, as masculinidades e a branquitude impõem sobre corpos dissidentes. Diante disso, proponho, a partir de uma ética pajubariana (FAVERO, 2020), um transviadecimento (ou uma cuirização) bibliográfico(a) e rotas de aproximação entre os estudos de gênero e cuir e os estudos críticos da utopia para analisar as obras de Linn da Quebrada – Pajubá (2017); Bixa Travesty (2018) –, refletindo sobre as formas como o corpo de Linn, sua arte e seu artivismo nos permitem (ou nos intimam a) sonhar novas possiblidades de ser/estar no mundo.