Consumo de micronutrientes entre mulheres no pós-parto: impacto do aleitamento materno e da insegurança alimentar
consumo alimentar; nutrientes, vitaminas, minerais, mulher pós-parto, insegurança alimentar, aleitamento materno.
Tivemos por objetivo avaliar a tendência de consumo, prevalência de inadequação, bem como identificar fatores de risco associados ao consumo de micronutrientes entre mulheres (n-240), no período de um ano pós-parto. Analisamos dados de uma coorte realizada em uma região economicamente vulnerável do Brasil entre 2017-2018. O consumo de micronutrientes (Ferro, Zinco e das vitamina A, B9, B12 e C) foi avaliado a partir de dois recordatórios 24 horas, em três etapas (3, 6 e 12 meses pós-parto), utilizado o Multiple Source Method nos cálculos de ajuste de variabilidade intrapessoal. Para avaliar os fatores de risco associados ao consumo alimentar foi realizada uma regressão linear de efeito misto. Observamos elevada prevalência de inadequação do consumo para a maioria dos micronutrientes, exceto para o ferro, nos três períodos avaliados, com tendência de redução de consumo, ao longo de um ano, exceto para a vitamina C. Identificamos altas frequências de inadequação em todos os recortes de tempo analisados para zinco, vitamina A e B9, com destaque para vitamina B9 que apresentou valores de inadequação acima de 90%, nas três etapas do estudo. O percentual de inadequação da vitamina C chegou a cerca de 40% no 6º mês, e a vitamina B12, atingiu quase 20% de inadequação no período correspondente ao 12º mês pós-parto. Houve menor consumo alimentar entre as mulheres que amamentaram seus filhos, de forma exclusiva, pelo tempo ≤90 dias (zinco β:-0.10, p=0.017; ferro β:-0.09, p=0.056; vitamina A β:-0.25, p=0.036; vitamina B9 β:-0.17, p=0.010; vitamina C β:-1,00, p=0.000), e que apresentam algum grau de insegurança alimentar (zinco β:-0.13, p=0.000; ferro β:-0.09, p=0.048; vitamina C β:-0.44, p=0.023). O consumo de micronutrientes entre mulheres, no pós-parto, que vivem nessa região marcada pela vulnerabilidade social, no geral apresentou tendência de redução ao longo do período analisado, alta prevalência de inadequação, para a maioria dos nutrientes. Os fatores tempo pós parto, menor período de aleitamento materno exclusivo e insegurança alimentar permaneceram associados, de forma estatisticamente significante, ao menor consumo das vitaminas e minerais analisados nos modelos explicativos testados.