Fundamento ontológico do racismo e revolta contra o capital
Acumulação primitiva do capital. Colonização. Racismo. Desumanização. Revolta.
O objetivo desta dissertação é investigar o fundamento ontológico do racismo, ou seja, sua origem, natureza e função social. Partimos do método marxiano mediante a categoria central da totalidade, balizado numa ontologia histórico-social. Assim, o percurso investigativo inicia-se com a análise imanente dos capítulos 24 e 25 d’O Capital, Livro I, que versam, respectivamente, sobre a acumulação primitiva do capital (século XVI a XVIII) e a colonização, período em que se situa temporalmente a origem do racismo. A anatomia do capital revela que o racismo possui natureza burguesa, pois foi gestado durante a gênese da acumulação de capital, portanto, racismo e capital são indissociáveis. A função social do racismo encontra-se no processo de desumanização dos povos racializados, constatação realizada a partir de Almeida (2018), Fanon (2008) e Césaire (2006), junto à letra marxiana. O racismo desdobra-se em revolta dos racializados. Perscrutamos a revolta e resistência dos povos racializados contra o capital através da análise estética, sob o crivo da crítica à economia política, das músicas da capoeira, bem como do romance escrito por Condé (2020). Constatamos que o racismo é um mecanismo criado pela burguesia para intensificar o processo de exploração, expropriação e dizimação mediante a desumanização das pessoas racializadas. Esse foi gestado pelo sistema do capital e somente pode acabar com a destruição deste sistema e a construção duma sociabilidade pautada na emancipação humana.