MODOS E MODAS À MESA:
As boas maneiras à mesa a partir das narrativas dos manuais de etiqueta
boas maneiras, manual de etiqueta, legitimação, representação
Este trabalho analisa os tensionamentos simbólicos existentes nas representações da etiqueta à mesa narradas nos manuais de civilidade. A delimitação do tema se deu pela repercussão e amplitude da “mesa posta”1 nas redes sociais, a qual exalta o jogo estético da mesa, e pelo fato de a etiqueta à mesa figurar como uma situação social a qual foi dedicada especial atenção nos manuais. Dentro do assunto geral, que é etiqueta à mesa, elegemos três pontos a serem investigados: os utensílios, a disposição desses à mesa e o comportamento perante o alimento, com o intuito de elaborar reflexões acerca da abordagem dos conteúdos, sua funcionalidade e aplicabilidade bem como as estratégias de interlocução do autor. Pretende-se investigar, por meio das disputas simbólicas, a construção da autoridade dos legisladores da
etiqueta, o perfil de seus destinatários, as mutações e permanências de enunciados, os vestígios estruturais presentes de um conteúdo produzido em décadas passadas (que representa a continuidade do interesse pelo assunto), a interseção entre representação e identificação e a questão da extensão e legitimação dos experts. A abordagem metodológica é ensaio histórico-social de natureza qualitativa e tem como base a pesquisa bibliográfica, cuja técnica apóia-se na análise de discurso. O trabalho também se baseia na pesquisa documental em manuais de boas maneiras a partir do recorte da etiqueta à mesa. O acervo da pesquisa é constituído de manuais de etiqueta de edição brasileira publicados no período de 1947 a 2010.
Para compreender o objeto de estudo, o referencial teórico centra-se na teoria do processo civilizador a partir das contribuições de Norbert Elias e Cas Wouters, com o intuito de compreender a regulação de práticas de comportamento a partir da subjetividade daquele que se ocupa em normatizar hábitos. Também consideramos a compreensão de gosto e estilo de Bourdieu, a sociologia da refeição de Simmel e a teoria da extensão e legitimação de Collins e Evans.