Potencial leishmanicida de produtos microbianos antárticos: avaliação farmacológica de extratos pigmentados bacterianos e revisão sistemática da atividade anti-Leishmania de metabólitos fúngicos
Bioprospecção. Extremófilos. Produtos naturais. Leishmaniose. Agentes Antiparasitários.
Doenças como a leishmaniose continuam negligenciadas pela indústria farmacêutica. Como consequência a isso, o tratamento para essa doença encontra-se defasado, deixando inúmeros indivíduos afetados desassistidos. Para reverter o impacto desse abandono, é imprescindível a busca por novos protótipos de fármacos mais seguros para o tratamento da leishmaniose. Diante disso, a bioprospecção de produtos naturais, especialmente os produtos microbianos de ambientes extremos, representa excelente fonte de partida. Sob essa perspectiva, o presente estudo investigou a atividade leishmanicida de extratos de bactérias isoladas da Antártica, bem como realizou uma revisão sistemática acerca da atividade leishmanicida de metabólitos fúngicos. Ao todo, oito isolados bacterianos obtidos de amostras de solo e liquens antárticos foram cultivados em caldo nutriente durante sete dias a 15 °C para produção de biomassa. Os metabólitos pigmentados intracelulares foram extraídos com metanol e posteriormente as soluções extrativas obtidas foram secas em dessecador sob vácuo. A citotoxidade dos extratos será avaliada frente a linhagem de macrófagos J774.A1 por meio do ensaio de redução do sal tetrazólio (MTT) e a ação antiparasitária avaliada sobre macrófagos infectados com Leishmania spp. quanto à taxa de infecção e a multiplicação dos parasitas intracelulares. A revisão sistemática teve como objetivo identificar por meio das bases de dados do PubMed, Lilacs e Scielo, as evidências existentes na literatura quanto à eficácia da atividade leishmanicida de bioprodutos fúngicos que representem novos pontos de partida para o avanço da farmacoterapia da leishmaniose. Entre os estudos selecionados, 53 (89,8%) realizaram exclusivamente ensaios in vitro, enquanto apenas 2 (3,4%) realizaram exclusivamente ensaios in vivo. Outros 4 (6,8%) realizaram as duas metodologias de análise (in vitro e in vivo). Em conjunto, as evidências reportadas pelas publicações reunidas na revisão, indicam na prospecção de bioprodutos fúngicos um caminho promissor no combate à leishmaniose.