Impacto da ansiedade e da depressão na qualidade de vida em doenças reumatológicas crônicas na infância
Ansiedade. Depressão. Qualidade de vida. Infância.
INTRODUÇÃO: Lúpus eritematoso sistêmico pediátrico (pLES) e artrite idiopática juvenil (AIJ) são doenças reumatológicas crônicas que acometem a faixa etária infantil. Além do comprometimento sistêmico orgânico, essas condições estão associadas à ocorrência de depressão e de ansiedade, ocasionando impacto negativo na qualidade de vida. OBJETIVO: Traçar o perfil sódiodemográfico; Estimar as taxas de ansiedade e depressão em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico pediátrico (pLES) e artrite idiopática juvenil (AIJ); Mensurar o nível de qualidade de vida; Correlacionar ansiedade e depressão ao nível de qualidade de vida; Associar ansiedade e depressão à atividade de doença; Comparar qualidade de vida nos grupo com e sem atividade de doença. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo observacional e corte transversal. A amostra foi selecionada por conveniência, composta por pacientes portadores de pLES e AIJ acompanhados pelo ambulatório de Reumatologia Pediátrica do Hospital Professor Alberto Antunes, hospital terciário em uma capital do Nordeste. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos com idade entre 7 a 17 anos cujos pais assinaram o Termo de Livre Consentimento e Esclarecido (TCLE). Os dados foram obtidos através de entrevista presencial. As variáveis de análise foram: dados socioeconômicos; ansiedade (através do questionário Screen for child anxiety related disorder- SCARED), depressão (a partir do instrumento Inventário de Depressão Infantil- CDI), nível de qualidade de vida (por meio da escala Pediatric Quality of Life InventoryTM Versão 4.0- PedsQualis), atividade do p LES (através do escore Modified Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index- 2k – SLEDAI) e atividade a AIJ ( a partir do escore Clinical Juvenile arthritis disease activity score- cJADAS). As análises foram feitas com o auxílio do pacote estatístico JAMOVI versão 1.6.3.0. Os dados descritivos estão representados através de médias, mediana, frequências, desvio-padrão e intervalo interquartil. O teste Shapiro-Wilk foi empregado para verificar a normalidade da distribuição das variáveis. A comparação entre duas médias foi feita pelo teste t-Student. Valores de p< 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Para a correlação de variáveis não paramétricas, foi utilizado o teste de Spearman. Para a associação de duas variáveis categóricas, foram selecionados os testes qui- quadrado e exato de Fisher. RESULTADOS: Houve 26 pacientes participantes com idade média de 11,2 ± 2,94 anos, sendo a maioria composta pelo sexo feminino (80.8%), procedente do interior do estado (69.2%) e pertencente à classe econômica 6 (73,1%). As taxas de ansiedade e depressão foram respectivamente 50% e 11,5% . A média de qualidade de vida foi de 70.6 + 18.1. Houve correlação negativa de ansiedade aos domínios de qualidade de vida emocional ( rho= -0,707, p < 0,001) e escolar ( rho= - 0,532, p < 0,005). A depressão demonstrou correlação negativa aos domínios físico (rho= -0,632; p< 0,001), emocional (-0,564; p < 0,003) e escolar (-0,613; p< 0,001) da qualidade de vida. A atividade de doença não se associou nem à ansiedade, x 2 (1)= 1,39 (p=0,238) nem à depressão x 2 (1)= 0,399 ( p=0,580). Neste estudo, os que apresentavam atividade de doença (M = 69,5; DP = 18,6), obtiveram médias semelhantes de qualidade de vida em relação aos que não apresentam atividade de doença (M =71,7, DP = 18,2) não havendo diferença significativa ( p=0,763). CONCLUSÃO: O comprometimento nos domínios emocional, escolar e físico de qualidade de vida em portadores de doenças reumatológicas na infância está correlacionado à depressão e à ansiedade. Não há associação entre atividade de doença à qualidade de vida e aos transtornos mentais avaliados neste estudo.