INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE MICRORGANISMOS EFICIENTES NA COMPOSTAGEM DE LODO DE ESGOTO
Com o aumento dos investimentos no setor de saneamento em vista das metas para universalização no Brasil, é esperado um aumento na quantidade de infraestruturas para o tratamento de esgoto. Das diversas tecnologias que podem ser aplicadas para este fim, os tratamentos aeróbios tendem a ser os mais eficientes; em contrapartida, as rotas anaeróbias apresentam menor custo de instalação e operação. No entanto, deve-se observar a geração de subprodutos provenientes deste processo de tratamento, garantindo seu correto manejo e destinação. O lodo é o principal subproduto gerado durante o processo de tratamento de esgoto. A depender do porte da estação de tratamento de esgoto (ETE), sua área pode incluir gramados, arbustos, árvores e outros elementos que acabam gerando resíduos verdes decorrentes de manutenção. A maior parte dos resíduos destinados é destinada a aterros sanitários. A compostagem é uma alternativa ambientalmente adequada e sustentável para estes subprodutos, pois pode gerar um produto com potencial uso agrícola, promovendo a reinserção de nutrientes nos ciclos biogeoquímicos e evitando a disposição em aterro sanitário. Ao determinar a proporção ideal entre lodo e resíduos verdes a serem degradados em composteiras, este trabalho objetiva avaliar a aplicabilidade do processo de compostagem como alternativa sustentável à disposição final dos resíduos em aterro sanitário. Ao inserir microrganismos eficientes no processo, espera-se obter uma rota de otimização para a co-compostagem entre lodo e resíduos verdes. Para este propósito, oito composteiras serão montadas utilizando o lodo aeróbio não estabilizado ou lodo anaeróbio provenientes de ETEs que utilizam diferentes rotas tecnológicas e resíduos de poda. As proporções volumétricas entre os diferentes lodos e o material estruturante serão 1:1 e 2:1, e cada composteira receberá um inóculo para avaliação do efeito dos microrganismos eficientes (ME) no processo de co-compostagem e obtenção do biossólido. Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos que serão avaliados são: temperatura, pH, umidade, densidade, sólidos voláteis totais, nitrogênio total, COT, Escherichia coli, Clostridium perfringens e ovos de helmintos. Após a conclusão do processo de decomposição da matéria orgânica, diversos metais também serão avaliados para verificar se os biossólidos produzidos atendem a legislação para aplicação em solo. Após 120 dias de experimento, é esperado obter produtos viáveis para uso em solo, conforme restrições da legislação vigente, Resolução CONAMA 498/2020. Além disso, a amostra com maior volume de lodo e inoculada com ME deve apresentar os melhores resultados. Os resultados do projeto avançam no estudo de mais aplicações para a compostagem de lodo de esgoto, fornecendo dados para o planejamento do processo de compostagem com aproveitamento de resíduos gerados na própria ETE, em diferentes proporções e com a possibilidade de otimização com a inserção de microrganismos.