ESTUDO DE DURABILIDADE DE CONCRETOS ESTRUTURAIS PRODUZIDOS COM AGREGADOS RECICLADOS
Concreto; Agregado reciclado misto graúdo; Metacaulim; Durabilidade; Penetração de cloretos.
Dada a grande quantidade de resíduos de construção e demolição (RCD) gerados no setor da construção civil, bem como a necessidade constante de extração de agregados naturais (AN) das jazidas no planeta (as quais vão ficando mais escassas a cada dia), é evidente que é necessário investir em alternativas eficientemente sustentáveis. Uma alternativa normalmente negligenciada é o uso de agregados reciclados mistos (ARM), uma vez que a maioria dos trabalhos brasileiros e internacionais se limita a aplicações em concretos não estruturais ou em argamassas. Entretanto, devido ao fato de que a maioria dos RCD produzidos são classificados como ARM, vê-se necessário estudos que analisem suas propriedades para fins estruturais, em especial o aspecto de durabilidade. Dessa forma, o objetivo geral do trabalho é avaliar a durabilidade de concretos produzidos com agregado reciclado misto graúdo (ARMg) frente à exposição de íons cloreto. Foram produzidos concretos com três diferentes dosagens, utilizando o método proposto pela ABCP, variando-se o percentual de substituição do agregado natural graúdo (ANg) por ARMg (20% e 50%) e adotando, em todas a misturas, a substituição de 20% do cimento CP V – ARI pela adição mineral metacaulim (MK). No estado fresco, o desempenho foi avaliado através do ensaio de abatimento (slump) e do ensaio de massa específica. A análise das propriedades no estado endurecido se deu por meio dos ensaios de resistência à compressão, bem como índices físicos dos concretos, a exemplo de absorção de água, índice de vazios e massa específica. Para a análise da durabilidade, foi feito o ensaio de determinação do teor de cloretos em corpos de prova curados no laboratório, bem como em amostras expostas à ação do ambiente, posicionadas a diferentes distâncias em relação ao mar (199 m e 881 m). Quanto ao uso de ARMg, os resultados de resistência à compressão tenderam a diminuir frente os concretos convencionais, embora essa redução foi menor nos concretos com uso de 20% de ARMg e maior nos com 50% de ARMg. O uso de MK melhorou os resultados de resistência à compressão nesses concretos, possibilitando que eles tivessem valores mais próximos do concreto convencional. Quanto a propriedade de absorção de água por capilaridade, os concretos com uso de ARMg absorveram mais água em relação ao convencional, o que já era esperado em função da alta porosidade desses materiais. O uso de MK melhorou essa propriedade em todos os concretos, em função do alto teor de finos desse material suplementar. E quanto à influência do tipo de cura nos concretos, foi encontrado que as médias dos resultados de resistência à compressão são estatisticamente iguais e as médias amostrais dos resultados de absorção de água por capilaridade são iguais, demonstrando que o tipo de cura não influenciou nos resultados no estado endurecido dos concretos. Quanto aos resultados de penetração de cloretos, todos os concretos analisados (convencional, 20% e 50% de ARMg) apresentaram valores dentro do limite normativo e o uso de MK não influenciou significativamente nos resultados; isso também foi observado com relação ao fator “distância da costa”, cujos resultados médios foram estatisticamente iguais, mostrando que esse fator não influenciou nos resultados. Com relação ao efeito isolado da penetração do teor de cloretos na resistência à compressão dos concretos, estatisticamente, as médias dos resultados foram iguais.