ESTUDO DA DINÂMICA DE INTERAÇÃO DE BOLHAS EM PROCESSOS DE FLOTAÇÃO: IMPACTOS DA GRANULOMETRIA E COMPOSIÇÃO DE MATERIAL SELANTE NO DESEMPENHO DO DISPERSOR DE GÁS
Flotação; Dinâmica de bolhas; Pedras porosas; Coluna de bolhas; Zona de estabilização de fluxo; Zona de fluxo estável.
O processo de flotação é amplamente utilizado na indústria, destacando-se em áreas como mineração, tratamento de efluentes e recuperação de óleo em água. No setor petrolífero, por exemplo, estão presentes empresas de grande relevância no cenário global, demonstrando a importância de processos que envolvem esta técnica. Uma das maiores dificuldades associadas à flotação reside na compreensão da dinâmica de bolhas, fenômeno que também se evidencia em reatores do tipo bubble reactor, onde a injeção de bolhas é essencial para a eficiência operacional. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo analisar a influência de diferentes parâmetros na formação e no comportamento das bolhas geradas por pedras porosas utilizadas como difusores internos. Foram considerados dois aspectos principais: a granulometria do material base (areia) e a proporção do material selante (cola Araldite®). Para tal, foi construída uma coluna de acrílico transparente, com 7,4 cm de diâmetro interno e 190 cm de altura, dividida em seções verticais de 10 cm. Dez tipos distintos de pedras porosas foram confeccionados em triplicata, totalizando 30 unidades. As bolhas geradas ascenderam pela coluna de flotação e foram registradas por meio de uma câmera digital de alta velocidade (Redlake MASD PCI-2000-S MotionScope®), equipada com monitor da mesma série e lente Toyo Optics TV 12,5–75 mm F1.8 (MRG32, Japão). Os vídeos obtidos foram analisados com os softwares TRACKER® v6.2.0, para determinação das velocidades verticais das bolhas, e STATISTICA®, para aplicação da análise de variância (ANOVA). A análise da velocidade comprovou a existência de duas zonas na coluna: a zona de estabilização de fluxo (ZEF) e a zona de fluxo estável (ZFE). A ZEF apresentou maior turbulência, gerada pela ação do compressor, enquanto a ZFE foi alcançada à medida que as forças de compressão diminuíram com o deslocamento das bolhas. Entre os parâmetros analisados, somente as seções de transição entre as zonas (seções 05 e 06) apresentaram interferência significativa da granulometria e da porcentagem de material selante na velocidade das bolhas. Nas demais seções, não houve influência relevante desses parâmetros. Concluise que, em uma coluna de flotação, a escolha da pedra porosa não deve se basear na velocidade das bolhas, uma vez que esta não sofre influência significativa da granulometria e da composição do selante, exceto nas regiões de transição entre as zonas. Para verificar se os parâmetros interferem no diâmetro e na quantidade de bolhas geradas, recomenda-se a análise de imagens, que permite caracterizar morfologicamente as bolhas quanto ao diâmetro, esfericidade, formato e quantidade. Esses dados são fundamentais para o aprimoramento dos processos industriais que dependem da eficiência da flotação.