Síntese e caracterização de hidrocarvão magnético e seus precursores a base Sargassum sp para aplicação na remoção adsortiva/fotocalítica de azul de metileno.
Indústria têxtil; Corante; Fotocatálise; Materiais Híbridos; Alga Parda.
A poluição hídrica por corantes sintéticos, como o azul de metileno, oriundos principalmente das indústrias têxtil, farmacêutica e cosmética, representa uma ameaça crescente à saúde pública e ao meio ambiente, devido à sua toxicidade, estabilidade química e baixa biodegradabilidade. Diante das limitações dos métodos convencionais de tratamento, este trabalho teve como objetivo sintetizar, caracterizar e aplicar um material híbrido magnético à base da biomassa marinha Sargassum sp., uma biomassa abundante na costa nordestina vista como resíduo quando presente em grandes quantidades, para a remoção e degradação do azul de metileno, por meio de processos integrados de adsorção e fotocatálise. A caracterização do material por espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) indicou a presença de grupos funcionais como hidroxilas, carboxilas e aminas, além da incorporação bem-sucedida de óxidos de ferro, confirmada pela banda característica do grupo Fe–O. A fluorescência por energia dispersiva de raios X (EDX) evidenciou alta concentração de ferro na superfície do hidrocarvão funcionalizado, e as micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) revelaram alterações morfológicas consistentes com a modificação estrutural do material. A análise por difração de raios X (DRX) demonstrou a transição de uma estrutura amorfa da biomassa in natura para uma estrutura cristalina após a funcionalização com sais férricos, com destaque para a formação de magnetita (Fe₃O₄). Nos ensaios de adsorção, com 0,1 g de adsorvente em 50 mL de solução de azul de metileno a 50 mg·L⁻¹ durante 1 h, o material apresentou eficiência de remoção superior a 74 % e capacidade adsortiva de 18,74 mg·g⁻¹, com a vantagem da separação magnética ao final do processo. A regeneração com solução alcalina de NaOH mostrou-se eficiente, com 70,42 % de remoção após um ciclo, mantendo a capacidade adsortiva. Já a regeneração fotocatalítica obteve 53,84 % de remoção, destacando-se como alternativa sustentável por dispensar o uso de reagentes químicos. Em ensaios de fotocatálise sob radiação visível, o híbrido magnético removeu até 99 % do corante em 60 minutos, mesmo na ausência de peróxido de hidrogênio, evidenciando elevada atividade catalítica. Os resultados indicam que o material desenvolvido é uma alternativa com viabilidade técnica, eficiente e de baixo custo para o tratamento de efluentes contendo corantes sintéticos, unindo as vantagens operacionais da adsorção à eficácia mineralizante dos processos oxidativos avançados.