FATORES ASSOCIADOS À GRAVIDADE DA INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO EM PACIENTES DE UM HOSPITAL PÚBLICO BRASILEIRO
Fatores de Risco; Infecção da Ferida Cirúrgica; Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde; Assistência Perioperatória; Centro Cirúrgico Hospitalar
As Infecções de Sítio Cirúrgico (ISCs) são classificadas em três níveis de gravidade: infecção superficial, profunda e de órgão/cavidade. Esse tipo de infecção permanece sendo uma preocupação para os serviços de saúde, principalmente por causar consequências negativas para os pacientes e para as instituições hospitalares. O objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados à gravidade das ISCs em pacientes cirúrgicos atendidos entre 2017 e 2023 em um hospital público brasileiro. Trata-se de um estudo analítico, retrospectivo e quantitativo. Realizou-se a coleta de dados a partir da identificação de casos de infecção no serviço de controle de infecções relacionadas à assistência à saúde, com posterior consulta aos prontuários físicos e eletrônicos. A análise estatística incluiu o cálculo de frequências absolutas e relativas, média, desvio-padrão e taxas, além dos testes Exato de Fisher, ANOVA de um fator e Kruskal-Wallis, adotandose um nível de significância de p < 0,05. Foram identificados 238 casos de ISCs na unidade hospitalar, distribuídos entre 108 casos em adultos (≥18 anos) no centro cirúrgico geral, 107 casos no centro cirúrgico obstétrico e 23 casos em pacientes pediátricos e neonatais do centro cirúrgico geral. Nos pacientes adultos do centro cirúrgico geral, houve associação significativa entre a gravidade da infecção e variáveis como tempo de internação pós-operatória (p = 0,009), tempo total de internação (p = 0,010), uso de anestesia geral (p = 0,037), tipo de abordagem cirúrgica (p = 0,029), indicação de antibióticos no pós-operatório imediato (p = 0,050), presença de sinais e sintomas de infecção no período pós-operatório (p = 0,001), necessidade de reabordagem cirúrgica (p=0,033), contagem de leucócitos (p = 0,004), número de tipos de medicamentos usados para tratamento (p = 0,010), sepse (p = 0,021), hemocultura realizada (p = 0,002), hemocultura positiva (p = 0,013) e necessidade de cuidados intensivos (p = 0,002). No centro cirúrgico obstétrico, a gravidade da infecção foi associada ao tempo de internação pós-operatória (p = 0,039), tempo total de hospitalização (p = 0,044), necessidade de reabordagem (p = 0,001), dias de antibioticoterapia (p = 0,000), número de tipos de medicamentos para tratamento (p = 0,010) e a ocorrência de sepse (p = 0,000). Na pediatria e neonatologia, a gravidade da infecção esteve associada ao local de encaminhamento após a cirurgia (p = 0,011) e ao tempo da cirurgia (p = 0,017). A maior taxa de infecção no centro cirúrgico geral foi registrada em 2021, com 4,0%, e no obstétrico em cesarianas, em 2019, com 2,88%. Os dados apontam fatores que contribuem para a gravidade das ISCs, além de fatores de risco relacionados ao paciente, ao procedimento e à assistência em saúde, destacando a necessidade de aprimorar e implementar continuamente protocolos e medidas preventivas.