CORRELAÇÕES ENTRE O FATOR DE LUZ DO DIA MÉDIO E AS MÉTRICAS DINÂMICAS EM REGIÕES
TROPICAIS
iluminação natural; fator de luz do dia, trópicos
O conforto visual das edificações está diretamente ligado às decisões projetuais tomadas pelos arquitetos como, por exemplo, o dimensionamento das aberturas. Atualmente estão disponíveis diversos softwares de simulação computacional capazes de auxiliar os profissionais a tomarem decisões que impactam diretamente na disponibilidade da luz natural. Essas ferramentas utilizam as métricas de luz do dia dinâmicas e apresentam resultados bem próximos da realidade. Porém, os softwares apresentam algumas desvantagens como demanda computacional e tempo de processamento elevados, conhecimento prévio necessário desde a escolha da ferramenta, dificuldade para utilização e extração dos resultados. Portanto, principalmente para as etapas iniciais de concepção de projetos, nas quais diversas geometrias precisam ser testadas e com agilidade, os softwares podem não ser a opção mais prática. Ferramentas simplificadas podem então ser utilizadas nessas situações, permitindo testes rápidos, mas eficazes, de avaliação da luz natural. Nesse contexto, o Fator de Luz do Dia Médio, pode ser uma alternativa. O FLD Médio é uma métrica estática e simplificada criada na Europa e utilizada para avaliação de desempenho luminoso e também para o pré-dimensionamento de janelas em locais de clima temperado. O objetivo deste trabalho foi identificar através de comparações, as possíveis correlações entre o FLD Médio e as métricas dinâmicas para as regiões tropicais. Foi avaliado o desempenho luminoso de um ambiente hipotético, com dimensões de largura e profundidade, 4,00 m x 4,00 m, e pé-direito de 2,85 m. O ambiente possui uma janela com 1,00 m de altura, 1,10 m de peitoril e a sua área foi variada, através da largura, para permitir estudos comparativos. A área da janela variou entre as seguintes proporções, de acordo com a área do piso, 1/10, 1/8, 1/6 e 1/4. Além da variação da janela, foram propostos três diferentes cenários referentes à presença ou não de obstruções nas janelas. No primeiro cenário não há nenhum tipo de obstrução, apenas a espessura da própria parede, o que resulta em um ângulo de céu visível (θ) de 73,30 graus. No segundo cenário foi inserida uma marquise infinita com largura igual à da janela utilizada e, no terceiro, a obstrução proposta foi um muro frontal. Tanto a marquise quanto o muro implicam no mesmo ângulo de céu visível, θ = 30,00 graus. As métricas dinâmicas utilizadas foram Iluminância Média Anual (EMA), Autonomia de Luz Natural (ALN), Autonomia de Luz Natural espacial (ALNe) e Uniformidade Média Anual (UMA). Os tipos de céu estudados foram o tipo 1 (encoberto), 10 (parcialmente nublado), 14 (claro) da CIE e o céu com Distribuição Dinâmica de Luminâncias, DDL. As latitudes avaliadas foram aproximadamente 0, 10 e 20 graus, correspondendo às cidades de Macapá/AP, Maceió/AL e Vitória/ES, respectivamente. Foram comparadas as orientações Norte, Leste, Sul e Oeste. Com os parâmetros estipulados, o FLD Médio foi calculado e foram realizadas simulações computacionais no software TropLux para que as relações entre as métricas dinâmicas e o FLD Médio pudessem ser analisadas. Os resultados parciais indicam que existe uma forte relação entre o FLD Médio e a EMA, ALN e ALNe, e apontam ainda a viabilidade de utilizar equações baseadas no FLD Médio para estimar valores dessas métricas ou vice-versa. Não foi possível, no entanto, estabelecer uma relação do FLD Médio com a UMA nas situações estudadas.