ARQUEOLOGIAS DO MORAR: UM PERCURSO SOBRE ARQUITETURAS DE MACEIÓ (DÉCADAS DE 1920-1960)
Modernização; arquitetura moderna alagoana; memória; patrimônio azulejar; história da cidade de Maceió.
A dissertação constrói um percurso sobre o morar em Maceió entre as décadas de 1920 e 1960, buscando traçar um contexto poético que entrelaça as memórias afetivas do autor e de pessoas próximas com as vivências dos processos de modernização da cidade. O trabalho rememora a essência de uma época marcada pela transformação urbana, explorando narrativas pessoais, imagens e dados históricos que ilustram este momento.
O recorte seleciona imóveis construídos entre as décadas de 1920 e o fim dos anos 60, destacando diversas expressões arquitetônicas que marcaram a paisagem urbana local. Revisita-os numa perspectiva que aproxima passado e presente, utilizando memórias coletadas dos habitantes, bem como a análise de fotografias, jornais, revistas, documentos, entre outras fontes, para revelar as transformações que essas edificações sofreram e testemunharam ao longo do tempo.
Durante um período de três anos, foram realizadas observações dos bairros, visitas a residências, prédios, terrenos e outros locais, com derivas físicas e virtuais, além de errâncias pela cidade, como forma de coletar dados. O contato com ex-proprietários e usuários proporcionou o acesso a álbuns de família, diários, documentos pessoais e objetos, que concederam um caráter íntimo e pessoal à pesquisa.
Outro fator importante para a construção da dissertação foi o flerte com o colecionismo, com imersões em antiquários, sites de leilões e aplicativos de vendas, que ajudaram a identificar materiais e artefatos que remetem à disseminação da estética modernista no contexto local e nacional.
Ferramentas de AI auxiliaram no processo de restauro, colorização e maximização do acervo das imagens e na manipulação de dados, com a intenção de trazer mais nitidez para o acesso a outras camadas das paisagens que se encontravam borradas, dos interiores e exteriores das obras arquitetônicas que iam surgindo.
Utilizando esses aparatos tecnológicos como suporte, a curadoria do material teve como fio condutor a ideia de reunir os “vestígios” dessas construções. Com isso, também foram endossados ao trabalho restos de demolições, reformas, pedaços de azulejos, revestimentos, entre outros elementos, com o intuito de evocar suas memórias, subjetividades e relações com as camadas de passado e presente.
Explorando os campos da temporalidade, da permanência e da impermanência, do efêmero ao toque, o resultado oferece um amplo panorama que estabelece uma conexão sistêmica que conecta histórias, memórias, famílias, pessoas e lugares da cidade, entrelaçando-as e definindo o azulejo como um guia que travessa as várias edificações estudadas.