OS HOTÉIS E UM FRAGMENTO DA CIDADE:
Um olhar para a orla de Maceió a partir da produção arquitetônica hoteleira
hotéis; faixa litorânea; Maceió; produção e consumo do espaço
Nas cidades litorâneas, o crescimento da atividade turística, pode ser entendido como um fenômeno impulsionador do consumo destes espaços, a paisagem das cidades se transforma em uma mercadoria, símbolo a ser vendido e consumido. Nas últimas décadas, Maceió passou por um processo de transformações no seu espaço urbano, a partir da década de 1970, quando surgem os primeiros hotéis verticais voltados para o mar, motivados em grande parte pela descentralização da capital e as primeiras iniciativas oficiais voltadas para o turismo, a cidade inicia um acelerado processo de mudanças, em especial no fragmento da cidade que se volta para o mar, apontando para os seguintes questionamentos: Qual o processo e trajetória da ocupação dos hotéis na faixa litorânea da cidade? Como acontecem os diálogos entre os hotéis, a faixa litorânea e a transformação/produção do espaço enquanto mercadoria? Com a crescente construção de novos hotéis verticais ao longo da praia de Pajuçara, seria um novo processo de valorização e requalificação nesse trecho da cidade? De que maneira acontece as relações entre os hotéis, propriedades privadas, e a orla marítima, espaço de uso coletivo na cidade? O trabalho objetiva compreender o processo histórico e a trajetória dos hotéis verticais voltados para o mar na cidade de Maceió-Alagoas, sua distribuição espacial e os impactos na configuração e na transformação da cidade em produto de consumo, especialmente no recorte da orla da Pajuçara. A fim de atingir este objetivo, o estudo emprega uma metodologia diversificada, mesclando elementos quatitativos e qualitativos, por meio de levantamentos cadastrais e históricos, mapeamentos, inspeções no local, percursos urbanos, uso e ocupação do solo. Na década de 1980, houve um aumento significativo de hotéis na orla de Maceió, consolidando a cidade como um destino turístico litorâneo. Nos anos 2000, a orla da Pajuçara se tornou o foco para a construção de novos hotéis, transformando-se em um centro hoteleiro à beira-mar. Os estabelecimentos hoteleiros promovem a cidade como um local de relaxamento, diversão, contato com a natureza, sol e mar, deixando de lado outras atrações e aspectos culturais locais da cidade. A orla da Pajuçara se destaca como uma vitrine turística, com investimentos em entretenimento e consumo, enquanto a parte interna do bairro mantém uma atmosfera urbana distinta da promovida para os turistas. A análise dos hotéis em relação à cidade está em estágio inicial, com conclusões limitadas, mas observa-se inicialmente que os edifícios apresentam uma estética contemporânea, com pouca relação entre os aspectos formais e culturais locais. A interação entre os prédios e a cidade é limitada, resultando em pouca conexão e interação social entre turistas e moradores locais dentro dos empreendimentos.