ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS EM CLIMA TROPICAL QUENTE SECO: Estudo de caso em uma clínica médica em Piripiri-PI
Arquitetura bioclimática. Conforto térmico. Desempenho térmico. Modelo adaptativo. Pesquisa experimental
Esta investigação teve como objetivo analisar a eficiência de estratégias bioclimáticas aplicadas em uma
edificação no contexto de clima tropical quente e seco, tomando-se como estudo de caso uma clínica
médica na cidade de Piripiri-PI. A pesquisa foi dividida em 3 etapas. A primeira etapa consistiu na
delimitação das estratégias bioclimáticas para a cidade a partir da Carta Bioclimática de Givoni. A segunda
etapa consistiu na análise da incidência da radiação solar nas diferentes fachadas da edificação por meio
da carta solar. A terceira etapa consistiu na análise quantitativa do desempenho térmico dos ambientes
de maior permanência (recepção e consultórios), por meio de campanhas de monitoramento in loco de
variáveis higrotérmicas e análise de conforto térmico a partir de modelo adaptativo. O resultado da
primeira etapa identificou que, para a cidade em questão, são recomendadas as estratégias de
sombreamento, ventilação noturna, resfriamento evaporativo e alta inércia térmica para resfriamento. A
análise qualitativa do projeto evidenciou a aplicação de estratégias bioclimáticas por meio de elementos
de proteção solar, como jardineiras verticais e horizontais, pergolados e a elevação do muro. Observou-se
ainda que a orientação da recepção favorece uma incidência solar mais controlada e uma ventilação
predominante, enquanto os consultórios voltados para o oeste demandam maior atenção quanto ao
controle térmico. A análise quantitativa consistiu na comparação entre as condições internas e externas
das variáveis higrotérmicas considerando cenários com esquadrias abertas e fechadas. Verificou-se, na
recepção em condição de esquadrias abertas, maior vulnerabilidade a picos de calor, com temperaturas
internas até 3 °C superiores às da condição fechada, além de oscilações mais acentuadas. Nos consultórios,
constatou-se que o recuo vegetado na fachada oeste proporcionou um amortecimento térmico de 7,2 °C
de diferença em relação ao ambiente externo, 8,1 °C em relação ao consultório com esquadrias fechadas
e 7,4 °C em relação ao consultório com esquadrias abertas. Esses resultados reforçam a relevância da
vegetação como barreira à radiação solar e elemento moderador da temperatura interna. Por fim, destacase que a pesquisa demonstra a importância da adoção consciente de estratégias bioclimáticas no projeto
arquitetônico em climas quentes e secos, além de constituir trabalho pioneiro em Piripiri ao analisar uma
clínica que integra estratégias bioclimáticas, a qual tornou-se referência para práticas projetuais mais
adequadas e inovadoras na região.