Ensino de escrita e reescrita de textos nas aulas de português: a visão do aluno
Palavras-chave: Ensino - Escrita - Gestos didáticos - Aula de Português
Partindo do pressuposto de que, segundo Antunes (2003), a escrita é uma atividade interativa de expressão, de manifestação verbal das ideias, de informações, crenças e sentimentos, reconhecemos a proficiência na escrita como uma habilidade imprescindível à nossa competência comunicativa. Com base nesse pressuposto, o objetivo geral deste trabalho é buscar refletir sobre as percepções dos/as alunos/as quanto aos gestos didáticos do/a professor/a de português nas aulas de produção escrita, especialmente o gesto de Regulação, nos processos individuais de ensino-aprendizagem. Quanto aos objetivos específicos, elencamos: a) analisar as respostas dos/as alunos/as a respeito da/s dificuldade/s com a escrita; b) investigar como se dá o ensino de escrita nas aulas de língua portuguesa no ensino médio; c) examinar como se dão as intervenções/orientações nas avaliações das produções escritas que são entregues aos estudantes; d) verificar como se dá o processo de interação entre professora e aluno/a durante as aulas de escrita; e e) levantar qual a percepção do/a aluno/a em relação à devolutiva da produção escrita para a possível reescrita do texto. A justificativa se dá a partir do entendimento de que é comum observarmos, nas aulas de português, uma falta de oportunidades de uso da língua numa perspectiva contextualizada, situada (Lima; Souto Maior, 2017; Souto Maior, 2018; Sílvio Júnior; Santana, 2020) e significativa por parte dos/as estudantes. O que se observa, muitas vezes, é algo distante da realidade vivenciada por eles/as. Como apresentado por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) é necessário criar, na escola, contextos de produção precisos para que os/as alunos/as se apropriem das noções, técnicas e instrumentos necessários ao desenvolvimento de suas capacidades de expressão oral e escrita, em diferentes situações comunicativas. Metodologicamente, este trabalho, apresenta a linguagem como objeto de análise a partir de um viés interpretativista da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2006) em uma abordagem qualitativa (Lüdke; André, 1986; Bogdan; Biklen, 1994; Oliveira, 2008). Para tanto, selecionamos uma turma da 1ª série do Ensino Médio da rede pública estadual de Alagoas, para coleta dos dados. Nesta turma, além das observações realizadas em sala (período de abril a setembro de 2024), também analisamos as correções das produções escritas pela professora de português e entrevistamos estudantes/as sobre a visão deles/as diante do feedback das correções, orientações e/ou intervenções pontuadas pela docente. Para esta análise, aprofundaremos discussões apresentadas por Nascimento (2011, 2012), Antunes (2003), Bazarim (2009), Ruiz (2010), Fuzer (2012,2014), entre outros/as autores/as sobre o ensino de escrita na aula de português. A partir do que foi dito, chegamos à conclusão de que, mesmo com diferentes estratégias interacionais numa tentativa de melhor conduzir as aulas de produção escrita, ainda é possível notar que há resistência por parte dos/as estudantes em participar mais ativamente das atividades de produção escrita na escola, embora participem um pouco mais quando são motivados/as e estas estão relacionadas a temáticas de seus interesses. Além disso, conseguimos identificar que os/as discentes, em sua maioria, preferem que os comentários/correção de sua atividade seja feita diretamente na mesa do/a professor/a através de orientações individuais. Dessa forma, compreendemos que a maneira como o/a professor/a lida, age, ministra, planeja e regula suas aulas pode contribuir para uma participação mais ativa dos/as alunos/as, despertando o interesse daqueles/as que não costumam participar efetivamente das atividades de produção escrita.