Gênero, patriarcado e poder: os efeitos de sentido e as posições-sujeito mulher no cordel
Análise do Discurso; Literatura de Cordel; Mulher; Discurso sobre; Mídia alternativa.
Como parte e lugar em que se trabalha o real e a subjetividade, a literatura é o ambiente do
qual a materialidade da língua se funde à materialidade artística e social e possibilita
enxergarmos como as relações sociais se concretizam. Desse modo, quando falamos de
literatura de cordel, o consenso e o imaginário popular apreende sentidos que a determina
como gênero literário e poético que tem as funções de entreter os leitores e tornar “causos”
tudo aquilo que é de conhecimento da cultura popular. De início nos chamou a atenção a
recorrência da temática sobre a mulher e a associação delas a bruxa, a criminosa, a mercadoria
e até a santa e quais folhetos poderiam fazer parte do nosso estudo, considerando que, em
muitos casos, os textos encontrados apresentavam uma clara intenção de serem jocosos ou
irônicos. Nesse sentido, surge uma indagação: Por que a arte e o fazer artístico (re)produzem
estereótipos sociais sobre a mulher? Baseado nestas perspectivas, pretendemos compreender a
posição-sujeito da mulher no discurso assumida pelo cordelista. Assim sendo, o discurso
literário pensando à luz da Análise do Discurso aponta para a necessidade de compreensão de
como os sentidos se constituem em nossa sociedade e produzem efeitos aparentemente
cristalizados. Para tanto, nos fundamentamos em Magalhães (2001), Maxado (1980), Orlandi
(1987; 1990; 2006; 2015; 2018; 2020; 2022) Pêcheux (1997; 2012; 2014), Saffioti (1985;
2015) entre outros. Portanto, ideologia capitalista de dominação rompe os sentidos do fazer
artístico e literário do cordel, fazendo-se presentes em diversos contextos, ademais em regiões
como o Nordeste do Brasil – espaço que se configurava o sexo masculino como o único capaz
de ocupar certos lugares da sociedade.