SINTOMAS DEPRESSIVOS EM PESSOAS IDOSAS ALAGOANAS: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Sintomas depressivos; Pessoa Idosa; Doenças Crônicas; Capacidade Funcional; Entorno Construído; Análise Multinível
Sintomas depressivos estão entre os maiores desafios na gestão da saúde global, impondo uma grande preocupação e gastos aos serviços de saúde. A depressão afeta negativamente diversos aspectos individuais, sendo caracterizada, principalmente, pelo declínio do humor. De etiologia multifatorial, este agravo pode ser determinado por diversos aspectos, entre eles destacam-se características demográficas e sociais, presença de comorbidades, capacidade funcional e o ambiente no entorno das residências. No que diz respeito as pessoas idosas, existe um agravante, ao se considerar que a presença de sintomas depressivos pode ser confundida com alterações do humor frequentes no processo do envelhecimento, dificultando o diagnóstico precoce. Assim, este estudo tem como objetivo identificar a ocorrência de sintomas depressivos em pessoas idosas vivendo em comunidade no estado de Alagoas, bem como avaliar os fatores associados a este agravo. O estudo transversal de base populacional, composto por pessoas idosas (≥60 anos), é parte integrante da pesquisa “I Diagnóstico alagoano sobre saúde, nutrição e qualidade de vida da pessoa idosa”. A coleta de dados foi realizada por meio de visitas domiciliares utilizando questionário, previamente estabelecido, entre abr/2022 a dez/2023. A amostra final foi composta por 945 pessoas idosas residentes de onze municípios de Alagoas. A presença de sintomas depressivos foi investigada por meio da Escala de Depressão Geriátrica (EDG-15), sendo adotado valores ≥5 pontos para definir a presença destes sintomas. Foram ainda coletadas informações, por meio do autorrelato, sobre a presença de doenças crônicas como Diabetes mellitus (DM), catarata, câncer, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e doenças cardiovasculares (presença/ausência). A capacidade funcional foi avaliada por meio de 3 itens: (i) Índice de Katz, instrumento utilizado para analisar a independência funcional; (ii) Força de Preensão Manual (FPM) – preservada ou baixa; e (iii) Velocidade da Marcha (VM) – preservada ou reduzida. O ambiente no entorno das residências para a prática de atividade física foi avaliado por meio da percepção dos participantes, sobre os aspectos de ter áreas verdes próximas ao domicílio, o trânsito de automóveis como objeção para a prática de atividade física, e a segurança noturna de vias públicas para estas mesmas práticas. Modelos de regressão logística multinível examinaram a razão de chances de sintomas depressivos segundo variáveis analisadas, considerando os efeitos do município quanto os efeitos individuais. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Alagoas (CAAE: 39960320.2.0000.5013). A prevalência de sintomas depressivos entre as pessoas idosas foi de 36,6%. Permaneceu no modelo, associado aos sintomas depressivos, apresentar diagnóstico para DM (OR:1,63, CI:1,06-2,49) e catarata (OR:1,76, CI:1,17-2,66), bem como apresentar dependência funcional para executar atividades básicas da vida diária (OR: 6,70, CI:1,21-37,14), baixa FPM (OR: 2,44, CI:1,50-3,97), e declarar o fluxo intenso de veículos como componente dificultador da prática de atividade física (OR: 1,71, CI:1,14-2,56). Desta forma, observamos que independente das características do indivíduo e do município em que reside, os sintomas depressivos em pessoas idosas se associaram às doenças crônicas, capacidade funcional reduzida e a percepção do ambiente construído para prática de atividade física.