A ASSOCIAÇÃO ENTRE A INGESTÃO HABITUAL DE NUTRIENTES E O PERFIL METABOLÔMICO DE ATLETAS DE FUTEBOL FEMININO: UM OLHAR SOBRE VIAS ANABÓLICAS E CATABÓLICAS
Nutrientes; Metabolômica; Futebol; Vias anabólicas; Vias catabólicas.
O futebol é um esporte intermitente de alta exigência metabólica, com esforços alternados de baixa e alta intensidade, o que gera estresse significativo ao organismo e desencadeia transições fisiológicas complexas. Embora os efeitos desse estresse sobre o metabolismo de atletas já sejam reconhecidos, há escassez de estudos que abordem essas alterações em mulheres, especialmente no contexto do futebol feminino. Durante uma partida, o organismo mobiliza reservas de glicogênio e, conforme estas se esgotam, recorre a vias catabólicas, como a oxidação de ácidos graxos e a liberação de hormônios catabólicos. Após o jogo, são necessários processos anabólicos para restaurar o equilíbrio fisiológico, reabastecer os estoques energéticos e reparar tecidos musculares. A alimentação adequada desempenha papel crucial nesse processo, influenciando diretamente a recuperação e o desempenho esportivo. A metabolômica, ciência ômica que avalia perfis metabólicos por meio de técnicas como ressonância magnética nuclear e espectrometria de massas, permite identificar alterações bioquímicas relacionadas à atividade física e à dieta. Sua aplicação no futebol feminino oferece uma abordagem promissora para monitorar a resposta metabólica ao estresse competitivo, além de embasar estratégias nutricionais individualizadas. A integração entre dados dietéticos e análises metabolômicas representa uma ferramenta relevante para otimizar o rendimento e a saúde de atletas. Nesse contexto, este estudo tem como objetivo avaliar a associação entre a ingestão habitual de nutrientes e o perfil metabolômico urinário de atletas profissionais de futebol feminino, investigando se os hábitos alimentares são capazes de discriminar os padrões metabólicos observados nos momentos pré e pós-jogo, com ênfase nas vias anabólicas e catabólicas. Trata-se de um estudo descritivo observacional/correlacional, de corte longitudinal, realizado com 22 jogadoras profissionais de futebol feminino do time União Desportiva Alagoana (UDA), sendo 14 atletas da temporada 2022 e 8 atletas da temporada 2023, com idades entre 19 e 32 anos, estas atletas foram acompanhadas ao longo de suas respectivas temporadas que incluiu a participação em 5 jogos, dos quais 3 eram do "Campeonato Brasileirão" e 2 do campeonato "Rainha Marta" da temporada 2022 e 4 jogos do "Campeonato Brasileirão" da temporada 2023. Foram realizadas coletas de urina em momentos pré e pós-jogo para análise metabolômica por ressonância magnética nuclear (RMN), com o objetivo de identificar metabólitos relacionados aos processos anabólicos e catabólicos. Além disso, o consumo alimentar das atletas foi monitorado por meio de recordatórios alimentares de 24 horas e registros alimentares virtuais, permitindo avaliar a adequação de nutrientes, com ênfase nos macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e sua relação com o perfil metabolômico. As jogadoras apresentaram IMC médio de 21,65 kg/m² e percentual de gordura corporal de 19,48%. A ingesta calórica média foi de 1.311,39 kcal/dia. A análise metabolômica identificou 42 metabólitos urinários, com alterações metabólicas significativas entre os momentos pré e pós-jogo. A ingestão insuficiente dos macronutrientes pode ter influenciado esses padrões. Os dados sugerem que o consumo habitual de nutrientes modula a resposta fisiológica ao jogo, reforçando a importância de estratégias nutricionais individualizadas.