NEM TODO BRANCO, MAS SEMPRE UM NEGRO: Racialização do crime e da pobreza no Brasil
Criminalização da Pobreza. Particularidades Brasileiras. Dimensão Racial
Esta dissertação se importará em identificar os nexos causais da criminalização da pobreza no Brasil. Levando em consideração esse escopo geográfico, buscaremos evidenciar as particularidades brasileiras, entendendo que a delimitação do percurso da população negra escravizada é um dos principais fatores para identificar essa singularidade, uma vez que é representada pelos alvos preferenciais do aparato repressivo do Estado, bem como da sociedade, por meio dos estigmas propagados desde os tempos longínquos da escravidão, que não foram superados, antes têm sido base de sustentação para a atual organização societária. Ao remontar esse passado histórico, podemos visualizar no encarceramento em massa, na guerra às drogas e na seletividade penal, uma racialização do crime e da pobreza no Brasil, dispostos numa lógica de continuidade colonial, visto que suas finalidades e seus alvos são os mesmos de quinhentos anos atrás. Para concretizar tal tarefa, utilizaremos dos recursos documentais e bibliográficos de autores consagrados nesta linha de investigação, que fazem da dimensão racial uma premissa imprescindível para esta análise, tais quais: Albuquerque; Fraga Filho, Akotirene, Alexander, Borges, Chalhoub, Flauzina, Gorender, Moura, Mbembe, Munanga, Nascimento, Rocha, Viotti da Costa, Wacquant, entre outros. Diante da realidade estudada, há uma fresta de luz no fim do túnel que nos direciona para uma sociedade que não encontre na punição a única saída possível. No entanto, sabemos que pensar para além do encarceramento não tem sido uma tarefa fácil.