Existe relação entre o Timerosal e a bioenergética mitocondrial em corações hipertensos?
Timerosal; Hipertensão; Estresse oxidativo; Mitocôndrias.
A hipertensão arterial é uma doença crônico degenerativa de alta prevalência na população. Um dos modelos animais mais utilizados para estudar essa patologia é o dos ratos espontaneamente hipertensos (SHR). A mitocôndria, principal organela responsável pela produção de energia, é a principal fonte de espécies reativas de oxigênio (EROS), sendo tal produção aumentada em diversas patologias, como a hipertensão. O mercúrio é um metal tóxico, pró-oxidante e bioacumulável conhecido por induzir ou ser um efeito aditivo em diversas patologias. O Timerosal (TM), é um composto utilizado como conservante em vacinas, e em meio aquoso libera etil-mercúrio. Existe uma lacuna na literatura sobre os efeitos do TM em corações de indivíduos acometidos pela hipertensão arterial. Diante de tal problemática, o objetivo deste trabalho é analisar se a exposição ao TM tem algum efeito aditivo na bioenergética mitocondrial em corações de animais SHR. Para isso, tais animais foram expostos apenas a água (SHR) e na presença de TM (SHR-TM), de forma aguda (24h) e crônica (30 dias). Foram realizados experimentos de respiração mitocondrial (Oxígrafo) e potencial de membrana (Safranina O), bem como analisado produção de espécies reativas (H2DCF-DA, Amplex-Red, DAF-FM), atividade de enzimas antioxidantes (SOD, Catalase, GPX) e marcadores secundários de estresse oxidativo (GSH/GSSG, SH, MDA, proteína carbonilada). Os níveis de Hg foram determinados pelo sistema de CV AFS. Finalmente, também analisamos a atividade da lactato desidrogenase (LDH). A respiração mitocondrial foi afetada aguda e crônicamente quando analisamos o complexo I, uma diminuição de 23% e 35% respetivamente, e apenas cronicamente no complexo II (redução de 32%). O potencial de membrana mostrou uma piora no grupo SHR-TM. Dentre as EROS apenas o H2O2 aumentou na exposição crônica (19,35%). A atividade da GPx se apresentou diminuída (39,39%), bem como houve redução dos níveis de SH no tratamento agudo (44%). A atividade da LDH aumentou em 80% e 40% no tratamento agudo e crônico, respetivamente. Por fim os níveis de Hg retido no ficou em 140 x mais no coração do SHR-TM em relação ao controle. Diante dos nossos achados podemos concluir que os efeitos do TM são acumuláveis e afeta a bioenergética mitocondrial em corações hipertensos.