EFEITO ANTITUMORAL DO EXTRATO AQUOSO OBTIDO DO FRUTO DE Abelmoschus esculentus (L.) MOENCHNO MODELO MURINO DE CARCINOMA ASCÍTICO DE EHRLICH
câncer; planta medicinal; estresse oxidativo; angiogênese.
O crescente interesse por produtos naturais na medicina, especialmente no desenvolvimento de terapias anticâncer, tem se intensificado devido à diversidade e eficácia de substâncias de origem natural. Compostos bioativos extraídos de plantas apresentam grande potencial terapêutico, podendo possuir menos efeitos adversos em comparação aos tratamentos convencionais. Este estudo investigou o efeito antitumoral do extrato aquoso obtido das vagens de Abelmoschus esculentus, popularmente conhecido como quiabo, utilizando o modelo murino de carcinoma ascítico de Ehrlich. O objetivo foi avaliar o impacto do extrato sobre o desenvolvimento tumoral, incluindo parâmetros como ganho de peso, circunferência abdominal, análise macroscópica por imagens, volume tumoral, quantificação de espécies reativas de oxigênio (EROs), angiogênese, tempo de sobrevida e possíveis efeitos sistêmicos. Os resultados demonstraram que o tratamento com o extrato aquoso do quiabo, nas doses de 25 mg/Kg e 100 mg/Kg, atenuaram significativamente o crescimento tumoral, que é evidenciado pela diminuição do volume de líquido ascítico, circunferência abdominal e ganho de peso associados ao tumor. A contagem celular no líquido ascítico mostrou redução das células tumorais, sem afetar o quantitativo de leucócitos, com destaque para o efeito citotóxico específico sobre as células cancerígenas. Além disso, o tratamento com o extrato aumentou os níveis de EROs, sugerindo uma modulação do estresse oxidativo no microambiente tumoral, o que pode contribuir para a indução de morte celular, um importante mecanismo anticâncer. Imagens fotográficas e de raio-X confirmaram a redução do volume tumoral, com diminuição da área ocupada pela ascite. Uma análise macroscópica das imagens indicou que os animais tratados com o extrato apresentaram menor distensão abdominal em comparação aos animais do grupo controle tumoral, o que reflete na diminuição da ascite, um marcador de crescimento tumoral nestse modelo experimental. A análise da angiogênese revelou uma redução significativa na área vascular abdominal dos animais tratados, indicando que o extrato pode inibir a formação de novos vasos sanguíneos necessários para o crescimento do tumor. Isso pode ser atribuído aos fitoquímicos presentes no extrato, que podem interferir nos fatores de crescimento angiogênicos. A sobrevida de animais tratados com o extrato aumentou significativamente, com um incremento na expectativa de vida de até 55,2% na dose de 100 mg/Kg. Além disso, não foram observadas alterações macroscópicas ou microestruturais nos órgãos dos animais tratados, sugerindo a ausência de toxicidade sistêmica e a preservação dos principais órgãos linfoides nas condições deste estudo. Esses resultados evidenciam o potencial terapêutico do extrato aquoso de Abelmoschus esculentus como um agente anticâncer, destacando a sua eficácia na redução do crescimento tumoral, indução de morte celular, prevenção da angiogênese e aumento da sobrevida, com baixo risco de efeitos adversos. No entanto, são necessários estudos adicionais para esclarecer os mecanismos celulares e moleculares subjacentes aos efeitos observados, de modo a aprofundar o entendimento sobre a ação antitumoral do extrato.