PERFIL METABOLÔMICO DE MULHERES E HOMENS ATLETAS DE FUTEBOL: UMA ANÁLISE DESCRITIVA
Futebol; Feminino; Mulher atleta; Perfil metabolômico; Metabolômica.
Atletas profissionais realizam uma variedade de programas de treinamento para melhorar seu desempenho físico, habilidades técnico-táticas, enquanto buscam proteger sua saúde e bem-estar. O exercício regular induz mudanças generalizadas em todo o corpo em uma rede de sinalização extremamente complexa, e evidências indicam que diferenças genotípicas e fenotípicas relacionadas ao sexo biológico influenciam as adaptações fisiológicas à carga de jogadores de atletas profissionais. Contudo, para agravar a dificuldade de interpretação dos dados nesse tipo de comparação, ainda há uma sub-representação de mulheres em estudos clínicos em esportes com atletas profissionais, incluindo o futebol. O objetivo desse estudo é caracterizar e descrever as diferenças no perfil metabolômico entre mulheres e homens atletas, bem como descrever as alterações do perfil metabolômico relacionadas ao estado pré-jogo de futebol ao longo de uma fase equivalente de campeonato. Para isso, foi realizado um estudo do tipo descritivo observacional longitudinal, com amostra selecionada de maneira não probabilística por conveniência, composta por 49 atletas (18 mulheres e 31 homens). Os atletas foram agrupados por sexo biológico, sendo comparados os seus perfis metabólicos determinados por amostra de urina no momento linha de base (baseline) e antes de cinco partidas previstas para os seus respectivos campeonatos por um período de dois meses, tendo seus perfis metabólicos comparados. Foram encontrados e identificados 39 metabólitos para ambos os sexos biológicos. Os perfis metabolômicos foram comparados utilizando a análise de Projeções Ortogonais para Estruturas Latentes (OPLS-DA) e a análise discriminante por mínimos quadrados parciais (PLS-DA). A análise de OPLS-DA demonstrou boa separação dos grupos no momento baseline, tendo os metabólitos metilguanidina, lactato e hipurato atuando como os discriminantes com maiores valores de VIP do grupo feminino, enquanto para o grupo masculino os metabólitos ureia, TMAO, taurina, isobutirato, metilamina, uracil e dimetilamina apresentando maiores valores de VIP scores. Ao longo da temporada, os cortes longitudinais também se diferenciaram, sendo os maiores responsáveis pela separação entre o grupo masculino e grupo feminino durante todo o período a ureia, isobutirato, dimetilamina, tirosina, TMAO, taurina, 2-hidroxiisobutirato, alanina, 4-hidroxifenilacetico, trans-aconitato, trimetilamina, dimetilsufona e metilguanidina. Ao analisar os perfis metabolômicos de atletas masculinos e femininos ao longo de uma temporada de futebol, foi observado que, embora ambos os sexos apresentassem mudanças significativas, as mulheres exibiram uma maior variabilidade no perfil metabolômico. Esses metabólitos refletem não apenas as respostas fisiológicas do corpo ao exercício, mas também as interações complexas entre fatores biológicos, como metabolismo energético e regulação hormonal, que são mais pronunciadas no sexo feminino. Nosso estudo mostrou que a maior variabilidade observada nas mulheres sugere que, para otimizar o treinamento e o desempenho, é essencial que os protocolos de treinamento e as estratégias de recuperação sejam personalizados, levando em consideração as diferenças de sexo e as respectivas respostas biológicas aos estímulos de exercício. Esse tipo de análise pode ajudar a refinar as abordagens de treinamento, maximizando o desempenho e minimizando o risco de lesões, destacando a importância de não negligenciar o fator sexo ao projetar programas de treinamento para atletas profissionais.