PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES ACOMETIDOS PELO AVC:
ASSOCIAÇÕES COM VARIÁVEIS ANATÔMICAS E CLÍNICAS
Acidente Vascular Cerebral, Hemisférios Cerebrais, Tomografia
Computadorizada Multidetectores, Angiografia por Tomografia Computadorizada,
Epidemiologia.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade e
mortalidade global, resultante da interrupção do fluxo sanguíneo ou extravasamento
arterial no encéfalo. Está ligado a múltiplos fatores de risco, afetando funções
cerebrais e contribuindo com as altas taxas de mortalidade. Aspectos clínicos como
a presença de placas de ateroma calcificadas, comprometimento das artérias
cerebrais e variações anatômicas podem estar associados à prevalência do AVC.
Diante do exposto, esse estudo teve como objetivo determinar o perfil
epidemiológico de pacientes acometidos pelo AVC, investigando a presença de
associações com variáveis clínicas. A pesquisa epidemiológica foi feita através de
um estudo retrospectivo, de caráter observacional e analítico, do tipo transversal. A
investigação foi desenvolvida em um hospital de referência no interior de Alagoas,
onde foram coletadas informações dos laudos de exames de imagem dos vasos
intracranianos e dados epidemiológicos dos prontuários. A amostragem foi
intencional e incluiu pacientes com diagnóstico confirmado de AVC, acima de 18
anos, que realizaram os exames de imagem no ano de 2023. Os dados foram
organizados em planilhas e analisados por meio de estatísticas descritivas e testes
inferenciais no SPSS®. Investigaram-se relações entre variáveis clínicas e tipos de
AVC, presença de comorbidades e variações anatômicas. Foram utilizados os testes
T, Qui-quadrado, Exato de Fisher e regressão logística, adotando o nível de
significância menor ou igual a 0,05. A análise dos exames revelou variações
anatômicas em pacientes com AVC isquêmico, como a presença do Cavum vergae
e hipoplasia de segmentos arteriais. Entre os casos hemorrágicos, a principal
anomalia observada foi a hipoplasia do segmento P1 da artéria cerebral posterior.
Placas ateromatosas calcificadas foram mais frequentes nos casos isquêmicos
(48,1%) do que nos hemorrágicos (7%), embora sem associação estatística com o
tipo de AVC. O lobo frontal foi a região encefálica mais acometida nos AVCs
isquêmicos, enquanto os núcleos da base foram os mais afetados nos
hemorrágicos. Observou-se que o AVC isquêmico predominou entre mulheres e
esteve mais associado à alta hospitalar, ao passo que o tipo hemorrágico foi mais
comum em homens e esteve ligado à maior mortalidade. A regressão logística
demonstrou que tanto a presença de diabetes mellitus quanto o aumento da idade
estiveram relacionados a piores desfechos clínicos, sendo preditores significativos
de óbito. Este estudo evidenciou o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com
AVC, destacando o predomínio do tipo isquêmico, especialmente em mulheres.
Identificaram-se padrões anatômicos recorrentes e fatores associados à
mortalidade, como idade avançada e diabetes mellitus. As diferenças entre os tipos
de AVC quanto à evolução clínica reforçam a necessidade de estratégias
preventivas mais eficazes e adaptadas ao contexto regional, contribuindo para a
redução da morbimortalidade em populações mais vulneráveis.