AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA PRESENÇA DE MICROPLÁSTICOS DE POLIESTIRENO EM EXPLANTES PLACENTÁRIOS
Microplásticos; Placenta; Estresse oxidativo; Barreira placentária.
Introdução: A onipresença de microplásticos (MPs) no ambiente e sua detecção em tecidos humanos têm gerado preocupações crescentes quanto aos seus potenciais impactos à saúde. Dentre os achados mais alarmantes, destaca-se a presença de MPs na placenta humana, um órgão essencial para o desenvolvimento fetal e altamente sensível a agentes exógenos. Objetivo: Considerando o papel protetor da barreira placentária, este estudo teve como objetivo investigar a capacidade de translocação de microplásticos de poliestireno (PS-MPs) e seus efeitos moleculares in vitro. Métodos: Explantes de vilosidades coriônicas de placentas a termo foram expostos a PS-MPs de 5 μm por até 72 horas e analisados quanto a viabilidade, pelo ensaio de MTT; proliferação, pelo ensaio de CCK8; citotoxicidade, pelo ensaio de liberação de LDH; estresse oxidativo, pela atividade bioquímica de oxidantes e antioxidantes e potencial de atravessar a barreira placentária, por técnicas de microscopia. Resultados: A exposição a diversas concentrações de PS-MPs não alterou a viabilidade celular após 24 h de exposição. Nos experimentos realizados até 72 h, a exposição aos PS-MPs resultou em um aumento significativo da proliferação celular (p < 0,001) e da citotoxicidade ao longo do tempo (p < 0,01) na concentração de 100 μg/mL. Houve redução no conteúdo total de SH (p < 0,05) e na atividade das enzimas antioxidantes SOD (p < 0,01) e CAT (p < 0,05), enquanto a atividade da GPx aumentou (p < 0,05) e a razão GSH/GSSG foi reduzida (p < 0,05). Observou-se aumento significativo na produção de superóxido de oxigênio mitocondrial (p < 0,01), global (p < 0,05) e peróxido de hidrogênio (p < 0,001), além de elevação nos níveis de malondialdeído (p < 0,001) e proteínas carboniladas (p < 0,01), todos os resultados indicando desbalanço redox e estresse oxidativo. As análises por microscopia óptica, microscopia de força atômica (AFM) e AFM confocal demonstraram a presença de PS-MPs tanto na superfície quanto no interior dos explantes, sugerindo sua passagem pela barreira placentária. Conclusões: Os PS-MPs na concentração de 100 μg/mL são capazes de atravessar a barreira placentária e induzir estresse oxidativo e citotoxicidade em explantes placentários humanos, levantando preocupações quanto aos potenciais impactos dessa exposição na saúde materno-fetal e no desenvolvimento fetal.