EFEITOS IMUNOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO DE EXPLANTES PLACENTÁRIOS A MICROPLÁSTICOS DE POLIESTIRENO
Microplásticos; Placenta; Imunologia; Citocinas.
Introdução: A presença e disseminação de microplásticos (MPs) no ambiente já suscitam preocupações sobre seus impactos ecológicos. Entretanto, a detecção dessas partículas em tecidos humanos levanta preocupações sobre seus possíveis efeitos na saúde humana. Entre essas descobertas, a presença de microplásticos na placenta é particularmente alarmante, dado ao papel central desse órgão no desenvolvimento fetal. Esse achado levanta questões sobre como essas partículas podem influenciar processos biológicos cruciais desde os primeiros momentos de vida. Objetivo: Considerando o papel imunorregulador da placenta e os recentes estudos detectando MPs na placenta, o objetivo foi investigar os efeitos imunológicos de PS-MPs em explantes placentários humanos. Metodologia: Explantes de vilosidades coriônicas de placentas a termo foram expostos a PS-MPs de 5 μm por até 72 horas e analisados quanto a citotoxicidade, pelo ensaio de liberação de LDH e secreção de citocinas por citometria de fluxo. Resultados: A concentração de 1 µg/mL de PS-MPs não afetou a viabilidade nem alterou a secreção de citocinas, enquanto 100 µg/mL provocou citotoxicidade progressiva (p < 0,01) e significativa, além de desencadear aumento de IL-4 (p < 0,001), IL-17A (p < 0,01), IL-1β (p < 0,01), TNF-α (p <0,05), IP-10 (p < 0,001) e IL-2 (p < 0,001), com redução de IL-12p70 (p <0,05) e MCP-1 (p <0,01). Esses achados indicam que concentrações elevadas de PS-MPs promovem desequilíbrio imunológico nos explantes, caracterizado por predomínio de resposta Th2/Th17, compatível com respostas alérgicas agudas, além de causar supressão nos sinais quimiotáticos mieloides, sugerindo que a exposição intensa a microplásticos pode induzir disfunções imunológicas na interface materno-fetal.