EFEITO CICATRIZANTE DO CURATIVO DÉRMICO BIODEGRADÁVEL E SUSTENTÁVEL PolisAg Derm® EM CAMUNDONGOS
Curativos dérmicos; Produtos naturais; Nanomateriais; Matriz extracelular.
Feridas cutâneas de difícil cicatrização representam um desafio relevante à saúde pública, com impactos clínicos, sociais e econômicos. A busca por terapias eficazes, sustentáveis e acessíveis torna-se ainda mais necessária diante da resistência microbiana crescente, custos elevados e da necessidade de trocas frequentes de curativos, fatores que aumentam o risco de infecções. Neste cenário, biomateriais à base de polissacarídeos, como a galactomanana (CG), associados a agentes antimicrobianos como a prata, têm sido descritos por suas atividades biológicas. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar o potencial cicatrizante de um curativo dérmico composto por CG extraído a partir das cascas de Cassia grandis. L. f. incorporada a nanopartículas de prata (AgNPs) sintetizadas por método de síntese verde a partir de extrato aquoso de Anadenanthera colubrina (Vell) em modelo in vivo. Para isso, os curativos desenvolvidos foram caracterizados físico-quimicamente, e utilizando o modelo de ferida cutânea excisional, foram utilizados camundongos Mus musculus (C57BL/6), machos de 10-12 semanas (CEUA-12/2023), distribuídos em quatro grupos: Não tratado (NT), Tratado com Colagenase (COL 0,6 U/g), Curativo de CGA (CG 0,8%) e Curativo PolisAg Derm® (PD@NP - 50 mg/mL). Como parâmetros, foi analisado o fechamento macroscópico da ferida, a análise histopatológica dos aspectos gerais, o perfil celular no leito da ferida e deposição de matriz extracelular (MEC). Por fim, acompanhou-se ainda o monitoramento do consumo de água e ração, e o peso corporal dos animais. As características do tecido foram analisadas nos dias 4, 7 e 12 pós-indução da ferida. Como resultados, observou-se que o curativo de PolisAg Derm® promoveu um aumento de 34,25% do fechamento da ferida, refletindo nos achados microscópicos, que evidenciaram uma boa delimitação epitelial revestindo de maneira importante o leito da ferida. Encontrou-se ainda um menor infiltrado leucocitário, em especial, nos dias 7 e 12 de avaliação, seguido por uma maior presença de fibroblastos. Observou-se ainda um aumento de 25% na deposição de MEC no grupo tratado com PD@NP em comparação ao NT no 12º dia de avaliação. Somado a isso, identificou-se um escore de 23,33% superior de reepitelização e uma redução de 37,5% na formação de crosta devido a presença de epitélio em relação ao grupo NT. Por fim, não foram encontradas alterações no consumo de água e ração, bem como no peso da ferida e dos animais tratados com PD@NP. Esses achados indicam que a incorporação AgNPs à CG potencializou o reparo tecidual de feridas cutâneas, modulando a atividade de fibroblastos de forma positiva e melhor reorganização tecidual. Tais achados reforçam o potencial terapêutico dos curativos, e outras análises estão em andamento para elucidar os efeitos observados e avançar na construção de um produto acessível.