“DECIFRA-ME OU TE DEVORO”: ENTREGADORES CICLISTAS POR APLICATIVO SOB A UBERIZAÇÃO E O GERENCIAMENTO ALGORÍTMICO EM MACEIÓ-AL
Uberização; Plataformização do trabalho; Bikeboys; Juventude periférica; Autonomia.
A uberização do trabalho representa uma reconfiguração das relações laborais sob a lógica neoliberal, promovendo a informalização e a precarização por meio do gerenciamento algorítmico. Este estudo analisa as condições de trabalho, as trajetórias sócio-ocupacionais e as formas de microrresistências de entregadores bikeboys por aplicativo em Maceió-AL, estruturando-se em quatro principais eixos: (1) as dinâmicas do ofício de entrega, (2) as trajetórias sócio-ocupacionais de entregadores, (3) a relação entre autonomia e controle
algorítmico e (4) as estratégias de organização coletiva e microrresistências. Esta pesquisa, de caráter qualitativo, baseia-se em entrevistas semiestruturadas, diário de campo, revisão de literatura e pesquisa documental, com observação nos bairros de maior fluxo de entregas, Ponta Verde e Jatiúca. Os resultados evidenciam que, embora o discurso das plataformas mobilize narrativas de autonomia e empreendedorismo, a realidade dos entregadores é marcada por um controle invisível, exercido por meio de sistemas de pontuação, gamificação e agendamentos que restringem sua margem de ação. Entregadores esses que já trazem em suas trajetórias a marca da informalidade e da precarização, revelando como a uberização não rompe com essas dinâmicas, mas as reestrutura sob a racionalidade algorítmica. Ademais, a ausência de infraestrutura institucionalizada amplia e intensifica nuances, impondo a esses trabalhadores a necessidade de improvisar espaços e estratégias de sobrevivência. Contudo, nesse mesmo cenário, germinam formas de microrresistências e organização coletiva, tensionando as promessas da uberização e denunciando suas contradições no contexto do capitalismo digital.