Chaveamento ótico de avalanche de fótons em partículas de NdAl₃(BO₃)₄ excitadas a 1064 nm por um feixe auxiliar em 808 nm
Íons terras-raras, em especial o Nd3+, oferecem diversas características no que se trata de fenômenos ópticos. Seus abundantes níveis de energia o tornam um íon e dopante poderoso para matrizes cristalinas e vítreas, o capacitando para as mais diversas aplicações que vão desde meios de ganho para lasers convencionais e aleatórios, até fenômenos que envolvem não-linearidades consideráveis como a avalanche de fótons. Processo esse que tem como critério uma excitação não-ressoante a partir do estado fundamental, sendo tal processo muito menos provável do que a absorção do estado excitado (GSA << ESA). No entanto resulta numa “explosão de luz”. Em íons de Nd3+ tal processo mencionado se dá com um mecanismo de bombeamento que consiste em um laser em 1064 nm incidindo sobre uma amostra de NdAl3(BO3)4, não havendo excitação ressonante partindo do estado fundamental 4I9/2, o aquecimento da amostra se torna característica inevitável, levando a geração de fônons cujo a aniquilação provoca uma excitação térmica a partir do estado fundamental 4I9/2 4I11/2, a partir do estado 4I11/2, entra em plena atividade a ESA, onde o íon presente recebe energia do laser de excitação ressonante com a transição 4I11/2 4F3/2, populando o ultimo nível referido. Embora a GSA seja pouco provável, há um certa parcela de íons que usufruindo da aniquilação de fônons presentes na rede é capaz de completar a energia do fóton de excitação e popular o nível 4F3/2 diretamente do 4I9/2, sem necessariamente ocupar qualquer nível intermediário entre o estado fundamental e o 4F3/2. Desta maneira um íon presente no 4F3/2, podem usufruir da relaxação cruzada (CR), onde o mesmo cede energia a um íon no estado fundamental e ambos se encontram num nível intermediário 4F3/2, 4I9/2 4I15/2, 4I15/2. Note que neste caso, os íons participantes e agora presentes no 4I15/2 podem relaxar não-radiativamente devido à proximidade com os níveis inferiores, e entre os níveis inferiores, gerando ainda mais fônons na rede que irão potencializar tanto a GSA como a ESA. Como consequência dessas relaxações (4I15/2 4I13/2 4I11/2), abastecemos o nível 4I11/2 que é completamente ressonante com o feixe de excitação de volta ao 4F3/2, fazendo com que apenas um íon inicialmente presente no 4F3/2, após o referido processo até a nova excitação se tornem dois, e depois quatro, e assim por diante, sendo na verdade uma progressão geométrica de íons populando o estado 4F3/2, e incrementando processos que serão discutidos ao longo texto como a transferência de energia, conversão ascendente (ETU) e acoplamentos térmicos para o níveis superiores a partir do 4F3/2. Processos que tornam possível a emissão de luz em comprimentos de onda mais enérgicos do que o do próprio mecanismo de excitação. Mas o que aconteceria se contrariando a improvável excitação ressonante do estado fundamental, incidíssemos um feixe adicional em 808nm e ressonante a partir do estado fundamental (4I9/2 4F5/2)? Como a dinâmica acima explicada seria alterada? Qual influência seria exercida nos comprimentos de onda prevalecentes na avalanche já conhecida? E quais novas portas os efeitos agora observados podem nos abrir? Exploraremos estes e outros aspectos respondendo a estas perguntas ao longo de um texto que abordará, desde características de lasers aleatórios, lasers convencionais, até a alguns aspectos das redes cristalinas e coeficientes de transição em íons terras raras, para explicar em mais detalhes a ocorrência do fenômeno até suas potenciais aplicações como comutador óptico.