FREIRAS AGITADORAS? AS IRMÃS MISSIONÁRIAS FRANCISCANAS DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA NO MÉDIO SERTÃO DE ALAGOAS, EM TEMPOS DE DITADURA CIVIL MILITAR (1966-1997)
Ditadura Civil-militar. Irmãs Missionárias Franciscanas de Santo Antônio de Pádua. Vida Religiosa Feminina.
Esta dissertação tem como objetivo investigar a vida religiosa das freiras Clementina Wouters (1920-2012), Odiliana Smits (1923-2019), Patrícia Berkhout (1926-2011), Elisabeth Jacoba Maria Bogers (1931-2018) e Catharina Theresia Welten (1928-2002), integrantes da Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas de Santo Antônio de Pádua, durante o período da Ditadura civil-militar em Alagoas. O recorte temporal estudado é o que abarca os anos de 1966 a 1997. O recorte espacial foi delimitado para os municípios alagoanos de Palestina, Pão de Açúcar e São José da Tapera. Durante o período analisado, ocorreram significativas transformações e renovações na vida religiosa, impulsionadas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) e pela Teologia da Libertação (TL ou TdL) e foram atribuídos novos significados, sobretudo, em relação a vida religiosa feminina. Essas alterações possibilitaram uma nova maneira de “ser freira” e a inserção delas em comunidades mais carentes. Ao mesmo tempo, durante esse período, o Brasil enfrentava tensões políticas decorrentes do Golpe de 1964. A queda de João Goulart (Jango) mudou as estruturas do cenário político brasileiro. Políticos, empresários e integrantes da Igreja defendiam princípios anticomunistas e conservadores. Em Alagoas, diversas medidas foram implementadas pela Arquidiocese, através da representação de Dom Adelmo Cavalcante Machado (1905-1983), para combater o "perigo vermelho". As elites de Alagoas fortaleceram a ideia de salvar o povo do comunismo. Logo, o clero alagoano reverberou essa retórica política. Procuramos entender como essas freiras, advindas dos Países Baixos, se posicionavam nos cenários político e social. Propomos discutir de que forma se estabeleceram as relações de poder no Médio Sertão de Alagoas e a participação dessas religiosas nesse processo. Para tanto, partimos de uma perspectiva da História Social. Como fontes, além da bibliografia selecionada, nos ancoramos em periódicos nacionais e internacionais do período, documentos disponibilizados pela Igreja, Livros Tombo, Cartas, Leis e Decretos.