ENTRE A LUTA E A LEI: TRAJETÓRIA DE MULHERES NEGRAS ADVOGADAS EM ALAGOAS, SOB UMA PERSPECTIVA INTERSECCIONAL (2010/2020)
Mulheres Negras; Interseccionalidade;Espaços de Poder; Alagoas.
O Movimento Negro foi pioneiro ao desvelar o mito da democracia racial, denunciando as formas de violência simbólica e material que recaem sobre os sujeitos negros no Brasil. No contexto alagoano, observa-se a relevância de organizações como a Associação Cultural Zumbi, nos anos 1980, e, mais recentemente, o Instituto do Negro de Alagoas (INEG), que têm contribuído de maneira expressiva na luta antirracista e na preservação da memória e resistência negra. Contudo, a historiografia e a produção acadêmica ainda apresentam lacunas quando se trata do protagonismo das mulheres negras dentro dessas organizações, o que evidencia a necessidade de ampliar esse debate. A presente pesquisa busca preencher essa lacuna ao colocar em evidência as trajetórias e atuações de mulheres negras no Movimento Negro alagoano contemporâneo, com enfoque em quatro advogadas negras militantes. A partir da perspectiva interseccional, que considera as categorias de gênero, raça e classe, pretende-se analisar como essas mulheres constroem espaços de resistência e ocupam lugares de poder, tensionando estruturas historicamente excludentes. A metodologia adotada será a História Oral, possibilitando o diálogo direto com as protagonistas e a valorização de suas narrativas de vida como fontes de conhecimento e resistência. O referencial teórico será fundamentado em intelectuais como Lélia Gonzalez, Angela Davis, bell hooks e Sueli Carneiro, cujas reflexões são fundamentais para compreender as articulações entre racismo, sexismo e práticas de resistência. Assim, a pesquisa busca não apenas resgatar memórias e experiências, mas também reconhecer a centralidade das mulheres negras na construção de um movimento transformador.