MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA E PRIMEIRO CURSO DE PSICOLOGIA EM ALAGOAS (1970-1980)
História da Psicologia. Ditadura Empresarial-Militar. História de Alagoas
Esta pesquisa investiga a criação do primeiro curso de Psicologia em Alagoas, inaugurado em 1973 pelo então Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), situando-o no contexto da ditadura empresarial-militar brasileira (1964-1985) e de um processo de modernização conservadora. A análise parte do pressuposto de que a história da Psicologia no Brasil não pode ser compreendida apenas como evolução técnica ou disciplinar, mas como prática social e política vinculada a projetos de poder e de controle social. Inspirada no materialismo histórico-dialético, a investigação dialoga com a historiografia crítica para revelar como a expansão do ensino superior e da profissão do psicólogo esteve articulada às estratégias do Estado autoritário e às elites regionais, especialmente as oligarquias alagoanas, usineiros e setores da Igreja Católica. O trabalho examina leis, decretos, diários oficiais e, de modo central, documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI), que demonstram o monitoramento de psicólogos, estudantes e eventos científicos, bem como o direcionamento ideológico em cursos e instituições da Psicologia. Ao evidenciar o acompanhamento de congressos e a vigilância de profissionais tidos como “subversivos”, a pesquisa destaca a dimensão política do conhecimento psicológico e a relação entre ciência, repressão e interesses de classe. Ao trazer à luz esses silenciamentos e contradições, o estudo contribui para a historiografia da Psicologia brasileira a partir de uma perspectiva regional, mostrando que a institucionalização da profissão em Alagoas foi parte de um projeto de modernização subordinada, no qual técnicas e saberes serviram tanto à legitimação do regime quanto às disputas locais por poder.